14 DE JUNHO DE 2014
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na segurança social ou é no sentido de encontrar novas formas de prosseguir a mesma política, insistindo em
governar contra a Constituição?
Aplausos do PCP.
A Sr.ª Presidente: — Para pedir esclarecimentos, tem a palavra a Sr.ª Deputada Mariana Mortágua, do
Bloco de Esquerda.
A Sr.ª Mariana Mortágua (BE): — Sr.ª Presidente, Sr.ª Ministra, veio aqui dizer que mantém todos os
compromissos obsessivos de redução do défice e da dívida mas que não sabe bem como, porque o Tribunal
Constitucional chumbou a sua estratégia orçamental. Portanto, não tem ainda uma estratégia orçamental, os
novos cortes ainda não estão completamente apresentados ao País.
Com este contexto geral, gostaria de colocar-lhe três perguntas muito concretas. A primeira pergunta
refere-se ao curto prazo. Como vai o Governo compensar o restante valor que o Tribunal Constitucional não
permite obter através dos cortes nos salários abaixo de 1500 €? Será que vamos ver novos cortes a partir de
Setembro? Há essa possibilidade? O Governo vai apresentar mais cortes até ao final do ano para compensar
aqueles que o Tribunal Constitucional não permitiu?
Segunda pergunta: pode a Sr.ª Ministra garantir, tendo em conta estes novos cortes em salários a partir de
1500 € e a sua combinação com a tabela salarial única, que não vai haver trabalhadores do Estado a
receberem menos salário no futuro do que recebem atualmente?
Terceira pergunta: o Banco de Portugal, assumindo uma estimativa muito otimista de crescimento de 3,5,
que é muito estranho e até mesmo difícil de acreditar, e assumindo a reposição gradual dos cortes até 2019,
cenário que a Sr.ª Ministra acabou de admitir, refere que são necessários mais 7000 milhões de euros de
austeridade para cumprir a meta de 0,5% de défice estrutural que a Sr.ª Ministra aqui afirmou hoje. Onde é
que vão buscar 7000 milhões de euros de austeridade? Quais são os novos cortes? Ou, então, a contrapartida
racional é que não vão cumprir a meta do défice a que se propõem. Uma das duas situações tem de ser
verdade. Quais são os novos cortes? Ou a meta não é cumprível e, então, há que assumi-lo.
Sr.ª Ministra, são estas as perguntas que lhe fazemos e gostaríamos de ter respostas claras para cada uma
delas.
Aplausos do BE.
A Sr.ª Presidente: — Para pedir esclarecimentos, tem a palavra o Sr. Deputado Eduardo Cabrita, do PS.
O Sr. Eduardo Cabrita (PS): — Sr.ª Presidente, Sr.ª Ministra, o Partido Socialista entende que é
fundamental um compromisso mobilizador dos portugueses em torno de uma estratégia de crescimento e de
emprego que olhe para o médio e o longo prazos. Em torno dessa verdadeira estratégia mobilizadora teremos
todo o empenho.
O debate que estamos a travar hoje é paradoxal, porque é um debate sobre a revisão dos objetivos em
matéria de estabilidade e crescimento para o período 2014-2018 que está a ser travado com um Governo que,
a meio de junho, não tem orçamento nem tem estratégia, com um Governo que é ele próprio o maior fator de
instabilidade na sociedade portuguesa,…
Aplausos do PS.
… com um Governo que, por culpa própria, optou por afrontar o Estado de direito. E, ao fim de três anos,
aquilo que o marca é que, não por um acaso, não por azar, mas, sim, deliberadamente, ainda não conseguiu
fazer um Orçamento que cumprisse os critérios do grande arco do Estado democrático — o arco
constitucional.
Por isso, Sr.ª Ministra, aquilo que, neste momento, queremos perguntar-lhe é o seguinte: quando é que
teremos aqui o Orçamento para 2014? Porque, neste momento, ele está claramente posto em causa.