26 DE JUNHO DE 2014
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que o PCP nos vem habituando. E porque estamos tão habituados a este pensamento e a esta atitude,
tendemos a desvalorizar e a tolerar.
O Sr. João Oliveira (PCP): — Essa arrogância não lhe fica bem!
A Sr.ª Carla Rodrigues (PSD): — Mas, Sr.as
e Srs. Deputados, o preâmbulo deste projeto de lei do PCP
vai muito para além do aceitável no combate político-partidário e isso não podemos desvalorizar.
O PCP não se detém no combate das políticas e das ideias, nem se satisfaz com a invenção de uma
conspiração malévola de destruição de serviços e de espezinhamento de direitos. Não, isso não chega para o
PCP! O PCP emerge da sua altivez moral e atenta contra a honestidade, a seriedade, a boa-fé e o bom nome
de pessoas — e estamos a falar de pessoas concretas.
O Sr. Hugo Soares Lopes (PSD): — Muito bem!
A Sr.ª Carla Rodrigues (PSD): — E quando o PCP acusa este Governo e esta maioria de destruírem os
serviços públicos para beneficiarem grupos privados, quando o PCP diz que o Governo está ao serviço de
grupos económicos e financeiros e para isso prejudica deliberadamente o interesse público, estamos a entrar
na esfera do insulto,…
O Sr. João Oliveira (PCP): — É uma acusação política!
A Sr.ª Carla Rodrigues (PSD): — … na esfera da difamação, do ataque pessoal, e isso repudiamos
vivamente.
Aplausos do PSD.
Admitimos que ataquem as políticas, a estratégia, as opções, mas não admitimos que ataquem as pessoas
na sua honra e dignidade e não admitimos ao PCP, nem a ninguém, que nos venham dar lições de moral e de
ética.
O Sr. Hugo Soares Lopes (PSD): — Muito bem!
A Sr.ª Carla Rodrigues (PSD): — Vamos, então, falar de políticas, de opções, de escolhas difíceis, é certo.
Este projeto de lei do PCP fala de desinvestimento no SNS e de ataque severo ao SNS. Quanto ao
desinvestimento, não é verdade. Como o Sr. Ministro da Saúde disse, hoje, na Comissão de Saúde os cortes
são uma questão de aritmética. Não houve desinvestimento; houve, sim, cortes. Cortes nas margens de lucro
dos medicamentos, como, por exemplo, o acordo firmado ontem entre o Ministério da Saúde e a APIFARMA
que permite a poupança de apenas 160 milhões de euros; cortes nos gastos excessivos, nos desperdícios, na
fraude. O PCP é contra estes cortes?
Quem esteve ontem em Portugal foi o Comissário Europeu da Saúde, Tonio Borg, que disse esta frase
lapidar: «Os cortes evitaram o colapso do sistema de saúde português».
Quanto ao ataque severo ao SNS, que o PCP diz existir, eu contraponho: em 2013 foi conseguida a mais
baixa taxa de tempo de espera para cirurgias no SNS desde que há registos. É a isto que chamam ataque
severo ao SNS?!
Também no primeiro trimestre de 2014, foram feitas mais de 6580 cirurgias do que em igual período de
2013. É a isto que chamam ataque severo ao SNS?! Mais 65 690 consultas nos centros de saúde, mais 17%
de transplantes — isto é um ataque severo ao SNS?!
Podia ficar aqui a tarde toda a descrever como, em tempos especialmente difíceis, de gravíssima crise
económica e financeira, o Governo conseguiu alcançar resultados no setor da saúde. Todos, menos os
partidos da oposição, reconhecem esses resultados.
Sr. Presidente, Sr.as
e Srs. Deputados: Disse, no início, que este projeto do PCP é irresponsável,
contraditório, agressivo e fundamento a minha afirmação.