I SÉRIE — NÚMERO 98
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A verdade é que nenhum Deputado da maioria consegue dar esta justificação porque não pode. Tal como
não conseguem responder ao argumento aqui utilizado de que esses encerramentos, prejudicando as
populações, prejudicando o País, apenas servem os interesses dos grupos económicos que fazem negócio à
custa do desmantelamento do Estado, à custa do agravamento das desigualdades sociais e das assimetrias
regionais no nosso País.
No entanto, PSD e CDS procuraram utilizar argumentos para justificar as suas medidas de encerramento e
de agravamento das condições de vida das populações, com alguns elementos que importa aqui desmontar.
O primeiro foi utilizado pelo Sr. Deputado Nuno Magalhães, dando conta do recuo do Governo
relativamente às repartições de finanças. O Governo, que se comprometeu na carta que resultou da décima
avaliação da troica com o encerramento de 50% das repartições de finanças, afinal, segundo o Sr. Deputado
Nuno Magalhães, já não quer encerrar nada. O Sr. Deputado Nuno Magalhães vai ter de fazer uma acareação
com a Ministra das Finanças, que disse exatamente o oposto. A Sr.ª Ministra disse, numa resposta que enviou
para a Assembleia da República, que o encerramento das repartições de finanças…
O Sr. Presidente (Guilherme Silva): — Srs. Deputados, façam favor de criar condições para que se possa
ouvir o orador, pois há um barulho de fundo que perturba.
Queira continuar, Sr. Deputado.
O Sr. João Oliveira (PCP): — Dizia eu que o Sr. Deputado Nuno Magalhães vai ter de se confrontar com a
Sr.ª Ministra das Finanças, que, numa resposta que enviou para a Assembleia da República, dá a entender
que, afinal, esse encerramento de repartições de finanças vai corresponder à aplicação do tal programa
Aproximar, na estratégia para a reorganização dos serviços de atendimento da Administração Pública.
Portanto, já está desmentido.
Mas o Sr. Deputado Nuno Magalhães utilizou aqui um outro argumento com referência às autarquias da
CDU, em relação ao encerramento de escolas. A este propósito, Sr. Deputado, quero dizer-lhe o seguinte: se
em Santiago do Cacém encerra uma escola porque tem um aluno, se na Moita há duas reconversões de
escolas primárias em jardins de infância e se em Setúbal encerra uma escola porque não tem condições para
se manter em funcionamento e não há alunos,…
O Sr. Duarte Filipe Marques (PSD): — Ah!
O Sr. João Oliveira (PCP): — … nada disso, Sr. Deputado, é contraditório com a estratégia de melhoria da
rede escolar.
Agora, Sr. Deputado, todas as autarquias da CDU — em Almada, em Grândola e noutras escolas do
distrito de Setúbal, em Mora, em Montemor-o-Novo, em Arraiolos, em Beja, em Alvito, em Castro Verde, em
Cuba, todas as autarquias da CDU — recusaram a perspetiva de encerramento das escolas a eito. E aqui
encontra a mesma posição, porque não há incoerência nenhuma, Sr. Deputado. Nós propomos o impedimento
de o Governo encerrar escolas a eito.
Protestos do PSD e do CDS-PP.
Mas, mais do que isso — e custa-lhe ouvir isto, mas vai ter de ouvir -, propomos que seja elaborada uma
carta educativa nacional para melhorar a rede escolar,…
O Sr. Nuno Magalhães (CDS-PP): — Para fechar!
O Sr. João Oliveira (PCP): — … uma proposta que, em 2010, os senhores e o PSD votaram
favoravelmente e à qual apenas se opôs o Partido Socialista. Hoje, têm uma posição que já é a habitual, a de
«trocaram as tintas» e já dizerem o contrário. E é com essas incoerências que os portugueses os vão
confrontar.
É que, Sr. Deputado Nuno Magalhães e Srs. Deputados da maioria, não há qualquer argumento que
justifique propostas de encerramento de serviços públicos, …