I SÉRIE — NÚMERO 98
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A Sr.ª Helena Pinto (BE): — Sr. Presidente, Sr.as
e Srs. Deputados: Temos estado a ouvir nomeadamente
as bancadas da direita, o PSD e o CDS, a tentarem justificar a onda de encerramentos de vários tipos de
serviços públicos que o Governo prevê.
Agora, ouvindo o Sr. Deputado Hugo Velosa, que disse «Esperem e depois verão que se vão arrepender
das posições que estão a tomar», lembrei-me, de repente, que tinha comigo um recorte de jornal do ano de
2010 com declarações de Pedro Passos Coelho, na altura dirigente do PSD e agora Primeiro-Ministro, que vou
passar a citar: «Passos Coelho critica encerramento de escolas».
O Sr. Pedro Filipe Soares (BE): — Ora!
A Sr.ª Helena Pinto (BE): — Volto a citar o que foi dito por Pedro Passos Coelho: «O encerramento de
escolas com poucos alunos é uma exigência pedagógica e uma exigência financeira?» — argumento do
Governo PS — «Nós perguntamos: quantos institutos públicos decidiu este Governo encerrar em Portugal? A
quantos lugares de assessores e de adjuntos vai declarar o Governo que vai pôr fim?» Etc., etc. Tudo porque
era contra o encerramento das escolas!…
O Sr. Pedro Filipe Soares (BE): — Já mudou!
A Sr.ª Helena Pinto (BE): — De facto, já mudou!
Sr. Deputado Hugo Velosa, o senhor tem razão: esperem e depois verão! Esperem e depois verão as
posições que tomam!
Só que há aqui um pequeno problema pelo meio, Sr. Deputado, que se chama responsabilidade política e
credibilidade política do que se diz numa situação e do que se diz noutra situação. E essa parte não pode
passar entre os pingos da chuva, Sr. Deputado.
Temos que exigir credibilidade e seriedade à política, nomeadamente a estas e outras declarações dos
responsáveis políticos e dos responsáveis do Governo.
Temos estado aqui a discutir os serviços públicos com particular enfoque em alguns deles, e qual é o
grande argumento da direita, de que já há pouco falei na minha intervenção? É o de que quem contesta a
onda de encerramentos são conservadores. E porquê? Porque põe em causa as reformas. Mas quais
reformas, Srs. Deputados?! Quais reformas?!
É que os senhores ainda não responderam a esta pergunta. Falam do mapa judiciário?
O Sr. Hugo Velosa (PSD): — Não precisa de ser reformado?!
A Sr.ª Helena Pinto (BE): — É uma reforma, Sr. Deputado?! Falamos de quê? Da Portaria n.º 82/2012, que
veio retalhar o Serviço Nacional de Saúde?! Fraca importância dão os senhores às reformas, que até fazem
por portaria uma reforma na área da saúde! Por portaria! E porque não um despacho de um Secretário de
Estado a decidir a nova classificação e organização da rede hospitalar?!
Srs. Deputados, não podemos tratar deste modo assuntos tão sérios para todos os portugueses e todas as
portuguesas como são os hospitais, como são todos os serviços de saúde, como são os tribunais, como são
também as repartições de finanças, como são as escolas, o que dá vida a muitas terras deste País, que cria
emprego, que fomenta a massa crítica, sendo esta também uma função do serviço público.
Não se pode passar uma esponja por cima de isso tudo e dizer que os outros são conservadores. Não, não
é uma questão de conservadorismo! Os senhores são piores do que conservadores,…
O Sr. Pedro Filipe Soares (BE): — Que vergonha!
A Sr.ª Helena Pinto (BE): — … porque os senhores não mantêm tudo na mesma, os senhores estão a
destruir aquilo que se conseguiu com os serviços públicos neste País, e repito…
O Sr. Presidente (Guilherme Silva): — Faça favor de terminar, Sr.ª Deputada: