I SÉRIE — NÚMERO 101
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Se isto não é um gigantesco frete aos patrões, então, não sabemos o que é.
O Sr. João Oliveira (PCP): — Exatamente!
O Sr. Jorge Machado (PCP): — No fundo, PSD e CDS pretendem que os contratos coletivos de trabalho
terminem o mais rapidamente possível para tentar destruir os direitos que os trabalhadores conquistaram no
terreno.
O Sr. David Costa (PCP): — Essa é que é essa!
O Sr. Jorge Machado (PCP): — Para que se perceba o que a contratação coletiva de trabalho significa
basta dar dois exemplos. O contrato coletivo do setor de hotelaria no Algarve, que está a ser negociado,
impede a eliminação de categorias profissionais, a imposição dos bancos de horas, a redução dos níveis
remuneratórios e a tentativa de reduzir os dias de descanso semanal.
No setor de transportes de mercadorias, o contrato coletivo impede o aumento da carga de trabalho e
consagra uma cláusula de compensação pelo trabalho no estrangeiro.
Se estes contratos coletivos de trabalho caducarem, mais fácil é para os patrões imporem a exploração.
Fica assim claro que o Governo PSD/CDS não governa para quem trabalha mas para quem explora e,
mesmo sem a desculpa da troica e do pacto de agressão, PSD e CDS continuam o caminho do
empobrecimento, o caminho do ataque aos salários e a imposição de retrocesso e exploração. Este é o
verdadeiro programa político deste Governo.
Aos trabalhadores dizemos que a contratação coletiva de trabalho foi conquistada antes do 25 de Abril e
consagrada com a Revolução, por via da luta organizada dos trabalhadores,…
O Sr. David Costa (PCP): — Muito bem!
O Sr. Jorge Machado (PCP): — … pelo que é a luta que vai dar o golpe final neste Governo moribundo e
sem legitimidade e é a luta que vai impor a contratação coletiva e os seus valores no futuro do nosso País.
Aplausos do PCP e de Os Verdes.
O Sr. Presidente (António Filipe): — Para uma intervenção, tem a palavra o Sr. Deputado Nuno
Magalhães.
O Sr. Nuno Magalhães (CDS-PP): — Sr. Presidente, Srs. Membros do Governo, Sr.as
e Srs. Deputados:
Esta proposta de lei, em nosso entender, é uma proposta de enorme importância, porquanto consegue, em si
mesma, promover aquilo que consideramos essencial para a melhoria da economia e das relações laborais,
ou seja, a capacidade de entidades patronais e sindicais poderem, num amplo diálogo, melhorar, de acordo
com os seus interesses, obviamente, essa mesma relação laboral.
O Sr. João Oliveira (PCP): — É o diálogo da extrema-unção!
O Sr. Nuno Magalhães (CDS-PP): — Por isso, Sr. Ministro da Solidariedade, Emprego e Segurança
Social, a minha primeira palavra é, com certeza, para saudar esta proposta, mas, mais do que esta proposta, a
capacidade do Governo para promover esse diálogo social, para promover essa concertação social,…
O Sr. João Oliveira (PCP): — Gaba-te cesta!…
O Sr. Nuno Magalhães (CDS-PP): — … nomeadamente com quem está disponível para que haja diálogo
social, paz social, concertação social, como acontece nos demais países da União Europeia, designadamente
aqueles que têm não só mais e melhor produtividade mas também mais e melhores condições de vida para os
seus trabalhadores.