28 DE JUNHO DE 2014
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Governo diz que quer dinamizar a contratação coletiva. Como é que o Governo quer fazê-lo? Destruindo a
contratação coletiva. Ora, ao destruir os contratos coletivos, no fundo, está a agravar a exploração.
Face a isto que o Governo tem vindo a fazer, creio que só se vê um contributo para dinamizar a
contratação coletiva: o despedimento coletivo deste Governo.
Aplausos do PCP.
O Sr. Presidente (António Filipe): — Para uma intervenção, tem a palavra o Sr. Deputado Artur Rêgo.
O Sr. Artur Rêgo (CDS-PP): — Sr. Presidente, Sr. Ministro, Srs. Secretários de Estado, Sr.as
e Srs.
Deputados: O debate à volta desta questão das horas extraordinárias não pode ser desligado do debate
anterior da contratação coletiva,…
A Sr.ª Mariana Aiveca (BE): — Tem razão! Está tudo ligado!
O Sr. Artur Rêgo (CDS-PP): — … como não pode ser desligado do pacote de alterações legislativas na
área laboral que foram sendo feitas ao longo destes dois anos, como não pode ser desligado, evidentemente,
das obrigações impostas a Portugal ao nível do Memorando de Entendimento, quando este foi originalmente
assinado.
Vozes do CDS-PP: — Bem lembrado!
O Sr. Artur Rêgo (CDS-PP): — Relembro que tudo isto estava previsto, e para pior, no Memorando de
Entendimento assinado e negociado pelo Partido Socialista.
Gostaria de dizer ao Sr. Deputado Nuno Sá que, para além da fraca memória que o Partido Socialista
repetida e sucessivamente tem demonstrado nestas matérias — o PS negociou, acordou medidas muito mais
gravosas, que, aliás, o Governo se recusou a aplicar, tendo-as substituído por outras medidas menos
gravosas para os trabalhadores — e para além do Partido Socialista ter feito tudo isto, o que é extraordinário é
que, quando chega o momento do debate e da discussão das medidas efetivas que o Governo vem aplicar, a
esmagadora maioria delas com o acordo da UGT, o Partido Socialista parece que, de repente, tem uma
amnésia, esquecendo completamente tudo o que fez no passado, tudo o que acordou, e vem para aqui com
um discurso como se não tivesse nada a ver com isto, como se tivesse completamente desligado dessa
realidade que criou e conformou.
Vozes do CDS-PP: — Muito bem!
A Sr.ª Mariana Aiveca (BE): — Estão todos feitos uns com os outros!
O Sr. Artur Rêgo (CDS-PP): — Também gostaria de dizer que, da parte do Governo, não tomar agora esta
medida da prorrogação extraordinária até ao fim do ano — estamos a falar de cinco meses — era estar a criar
uma situação de injustiça e de desequilíbrio injustificado entre dois setores laborais em Portugal, o público e o
privado.
Portanto, esta medida é mais do que necessária, quanto mais não seja para garantir este equilíbrio. E
como o Sr. Ministro frisou, esta medida extraordinária do Governo respeita integralmente a contratação
coletiva, porque não se sobrepõe, ao contrário de medidas anteriores, às contratações coletivas em vigor. Ou
seja, tem uma aplicação marginal e supletiva relativamente a estas.
Se isso não é respeitar os trabalhadores, se isso não é respeitar a contratação coletiva, se isso não é
respeitar o papel que o Estado deve ter, que é um papel regulador e equilibrador, então, gostaria que os
senhores me explicassem o que é isso.
Para terminar, em relação a esta reforma e ao diploma anterior, gostaria de dizer que a esquerda — e,
infelizmente, o Partido Socialista agora aliou-se a esse tipo de discurso, pelo menos aparentemente, nas
palavras —, tudo o que é alteração na legislação na área laboral tendente a modernizá-la e a adaptá-la às