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I SÉRIE — NÚMERO 110

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Não há investimento privado, o investimento privado, como já aqui foi dito, não chega sequer para

recuperar capacidade produtiva. Continuamos a perder capacidade produtiva, estamos ao nível de há 10 anos,

em capacidade produtiva e em Produto.

Prometeu consolidar as contas públicas, mas conseguiu a proeza de fazer o maior aumento de impostos

alguma vez visto, de ter um governo e um Estado que depende de impostos como nenhum outro, um saque

fiscal inimaginável, e, ao mesmo tempo, o maior aumento da dívida já visto, deixando para as gerações futuras

o legado de uma dívida pública insustentável e que vai corroer fundos públicos que poderiam servir para

ajudar pessoas, ou para combater o desemprego, ou para investir na economia.

E, no meio de todo este discurso falacioso, não teve uma palavra para aqueles que sofreram às mãos do

vosso radicalismo liberal, do vosso dogmatismo liberal. Não teve uma palavra para o desemprego estrutural

que aumenta. Não teve uma palavra para os desempregados de longa duração, e estamos a falar de pessoas

que, provavelmente, nunca mais voltarão ao mercado de trabalho, e esse é o legado da vossa governação.

Não há uma palavra para os emigrantes, e não há pessoa neste País que não tenha um primo, um sobrinho,

um amigo ou um irmão que não tenha emigrado. Não há uma pessoa que não conheça alguém que emigrou.

A vaga de emigração é maior do que a dos anos 60 na época da guerra colonial, e não há uma palavra para

aqueles que foram obrigados a abandonar o País e não tiveram direito a ficar e a trabalhar aqui!

O Sr. Presidente (Guilherme Silva): — Faça favor de terminar, Sr.ª Deputada.

A Sr.ª Mariana Mortágua (BE): — Vou terminar, Sr. Presidente.

Não há uma palavra para aqueles que perderam o apoio social, o abono de família, o subsídio de

desemprego, o complemento solidário para idosos. Não há uma palavra!

Não há, sobretudo, nenhum arrependimento, nenhuma aprendizagem desta estratégia que correu mal. E

acho que o único ou o melhor conselho para dar é que, se há alguma coisa que os dados da economia

provam, a melhor forma de recuperar a economia é aumentar salários e apoios sociais, porque não é com

pobreza que se pagam dívidas.

Aplausos do BE.

O Sr. Presidente (Guilherme Silva): — Para pedir esclarecimentos, tem a palavra a Sr.ª Deputada Paula

Santos.

A Sr.ª Paula Santos (PCP): — Sr. Presidente, Sr. Deputado Luís Menezes, veio aqui fazer um balanço

positivo daquilo que foram os três anos de políticas deste Governo. Mas, Srs. Deputados, consideramos que

este balanço não é sério, quando oculta aspetos essenciais e que tiveram consequências desastrosas na vida

dos portugueses. Não é sério quando não aborda as questões da emigração, sobretudo dos jovens e dos mais

qualificados. Não é sério quando não refere aquilo que foi os cortes na saúde, na educação, nas prestações

sociais. Não é sério quando não coloca também em cima da mesa as consequências da lei nos despejos, no

que diz respeito ao direito à habitação de milhares e milhares de portugueses.

O que revela é que, efetivamente, procurou esconder dos portugueses o que foram as consequências

desastrosas dessa sua política, mas nós queremos aqui colocá-las.

Como pode fazer um balanço positivo, quando o desemprego em Portugal tem os níveis que tem e ignora

os efeitos da emigração nesse mesmo desemprego?!

Como pode fazer um balanço positivo quando milhares e milhares de jovens abandonam o País, porque o

seu Governo, o PSD e o CDS não dão oportunidades aos mais jovens para se poderem fixar em Portugal?!

O Sr. João Oliveira (PCP): — Exatamente!

A Sr.ª Paula Santos (PCP): — Como é que pode falar de uma política positiva, de um balanço positivo,

quando essa política levou à ruína económica do nosso País e quando a dívida, que se propunham reduzir e

não conseguiram, aumentou de uma forma brutal?!