18 DE SETEMBRO DE 2014
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Quero dizer-lhe, ainda, que se criou um balcão único, há uma proposta de criação do balcão único que
favorece o trabalho e a negociação e também a utilização nesta matéria, e também se faz uma transposição
de uma diretiva comunitária, no âmbito da Diretiva Serviços, para a circulação nesta área.
A Sr.ª Presidente: — Queira concluir, Sr. Secretário de Estado.
O Sr. Secretário de Estado da Cultura: — Vou concluir, Sr.ª Presidente.
À Sr.ª Deputada Isilda Aguincha, direi que não, os telemóveis com três anos não vão pagar. Não há
nenhum dispositivo que tenha sido comprado que vá ser taxado, como é óbvio, e qualquer tipo de elemento
que haja a esse nível é pago uma única vez, no contexto daquilo que é a importação do dispositivo. Não há
aqui uma nova lei, não há uma nova taxa, não há nenhum novo imposto, há, sim, uma atualização da
compensação equitativa da cópia privada.
Aplausos do PSD e do CDS-PP.
A Sr.ª Presidente: — O próximo pedido de esclarecimento cabe ao PCP.
Tem a palavra o Sr. Deputado Miguel Tiago.
O Sr. Miguel Tiago (PCP): — Sr.ª Presidente, Sr. Secretário de Estado, deixe-me, antes de mais, dizer
que, na opinião do Grupo Parlamentar do PCP, a sua intervenção, bem como a proposta de lei que o Governo
apresenta, não contribui em nada para definir os limites entre a cópia privada e a partilha, aquilo a que
vulgarmente se chama «pirataria». O que nos veio dizer contribuiu, isso sim, para confundir. Ou seja, o
cidadão pode copiar? Pode apropriar-se de uma obra? Não! Mas quando o faz, tem de pagar.
Portanto, o Estado está a cobrar uma taxa por uma atividade que considera ilícita e isso é, no mínimo,
perverso, a não ser que não seja isso que aqui está e nós sabemos que deveria haver uma barreira muito
mais clara, coisa que para a qual o Sr. Secretário de Estado não contribuiu.
O Sr. Secretário de Estado disse, na sua intervenção, que é preciso pôr a pagar quem beneficia com a
apropriação das obras. Sr. Secretário de Estado, como é que, com a proposta de lei que aqui nos apresenta —
e refiro-me, para já, à da cópia privada —, esse objetivo é compatível com uma proposta de lei que nem
remunera os autores na justa proporção daquilo que diz querer compensar e, ao mesmo tempo, carrega sobre
o utilizador os custos e impede-o de aceder quer às tecnologias, quer aos conteúdos, deixando de fora
aqueles que verdadeiramente beneficiam da apropriação dos conteúdos, que são os operadores de
telecomunicações, nomeadamente os operadores de banda larga.
Por isso mesmo lhe deixo esta questão, Sr. Secretário de Estado: qual é a apreciação que faz, de acordo
com o cargo político que desempenha, do projeto de lei que o PCP aqui apresenta, que, em grande medida, é
também uma alternativa à iniciativa que o Governo aqui nos traz, que é o de ir buscar o dinheiro a quem fica
com o dinheiro, a quem se apropria do valor produzido pelos artistas, que são aqueles que disponibilizam os
conteúdos e não aqueles que os usam, aliás, partilhando, que é também uma forma de estimular a fruição e a
criação.
Aplausos do PCP.
A Sr.ª Presidente: — O próximo pedido de esclarecimento cabe ao PSD.
Tem a palavra a Sr.ª Deputada Rosa Arezes.
A Sr.ª Rosa Arezes (PSD): — Sr.ª Presidente, Sr.ª e Sr. Secretário de Estado, Sr.as
e Srs. Deputados, as
propostas de lei que estão hoje em discussão consubstanciam a visão e as preocupações do Governo na área
da proteção do direito de autor e dos direitos conexos.
Com os contínuos avanços tecnológicos, vivíamos, de facto, uma situação insustentável, porque um Estado
democrático deve acautelar permanentemente a proteção dos direitos dos cidadãos, nomeadamente do direito
do autor e do artista, valorizar a propriedade intelectual e promover a responsabilidade ética dos cidadãos.