18 DE SETEMBRO DE 2014
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O Governo não está, neste momento, a apresentar uma nova legislação mas, sim, a alterar uma lei já
existente, dando cumprimento à referida diretiva e adaptando-a ao mundo digital.
Nesta matéria, quero saudar o PCP por ter evoluído. Não é muito hábito evoluir, mas aqui evoluiu. O Sr.
Deputado Miguel Tiago está a fazer uma cara estranha, mas não a faça, porque o seu camarada, Deputado
António Filipe, por quem tenho respeito, dizia nessa altura: «(…) Logo, a exclusão dos equipamentos digitais
fará com daqui a uns anos todos os equipamentos sejam excluídos? Deste modo, deixaríamos sem
remuneração a cópia privada e acabaríamos por estar a condenar a lei a uma cessação da sua vigência num
prazo mais ou menos curto (…)».
O Sr. João Oliveira (PCP): — Está a ver? Na altura fazia todo o sentido! Somos visionários! E hoje já
vemos o futuro. Os senhores estão agarrados ao presente. Olhem para o futuro!
A Sr.ª MariaConceição Pereira (PSD): — Evoluíram. Ainda bem que evoluíram. Não é hábito, mas desta
vez evoluíram!
Esta legislação já existe em 22 países da União Europeia. Encontraram-se soluções diversas, fizeram-se
percursos diferentes.
O Grupo Parlamentar do PSD compreende, está atento às divergências de opinião que existem na
sociedade, até porque estamos perante a existência de diversos direitos: direitos dos autores, dos intérpretes,
dos executantes e, também, dos consumidores, como é natural.
Claro que, nestes últimos dias, tem-se assistido a muito alarmismo e muita desinformação. É bom que
esclareçamos quais as propostas e as alterações que esta proposta de lei apresenta, muitas delas até em
relação às propostas anteriores.
Estamos a falar de uma compensação equitativa, com base em valores devidamente ponderados,
discutidos, e mesmo inferiores aos apresentados em anteriores diplomas, tendo também em atenção a
conjuntura económico-social atualmente vivida em Portugal, pelo que se justificou um desagravamento de
várias tarifas.
Sr. Deputado Pedro Delgado Alves, o número de isenções foi extremamente alargado nesta proposta de
lei. Para além das pessoas portadoras de deficiência, todos os suportes para uso exclusivo de profissionais
como fotógrafos, designers, arquitetos e engenheiros, bem como aparelhos, dispositivos ou suportes para fins
clínicos, investigação científica e para missões públicas estão abrangidos pelas isenções.
O montante cobrado será gerido por entidades de cobrança e de gestão de direitos de autor, cuja proposta
de lei também está a ser debatida, para que haja uma maior obrigação e um significativo alocamento a novos
projetos e para que o funcionamento destas sociedades seja mais transparente.
O PSD acredita que o sector cultural — e importa referir, como já aqui foi dito, que as indústrias criativas
representam cerca de 3,2% do PIB e 2,8 % de emprego — verá reforçada a sua capacidade de criatividade e
inovação e os novos talentos verão uma janela de oportunidade.
Acreditamos que a indústria de equipamentos e suportes terá a ganhar com o surgimento de novos talentos
e de novas criações, que veem nesta proposta de lei os seus direitos salvaguardados.
Também queremos reafirmar que os consumidores não terão forçosamente de vir a comprar os
equipamentos mais caros, visto que os devedores da compensação equitativa são os fabricantes e os
importadores de equipamentos e dispositivos e não o consumidor final.
Por fim, o Grupo Parlamentar do PSD convida todos os partidos a participarem numa discussão aberta e
produtiva, de forma a virmos a aprovar uma proposta de lei que defenda os interesses em causa.
Aplausos do PSD e do CDS-PP.
A Sr.ª Presidente: — Pelo PS inscreveu-se a Sr.ª Deputada Gabriela Canavilhas.
Tem a palavra, Sr.ª Deputada.
A Sr.ª Gabriela Canavilhas (PS): — Sr.ª Presidente, Sr.as
e Srs. Deputados, Sr. Secretário de Estado, seja
bem-vindo à discussão da cópia privada. É com muito gosto que vemos que mudou de ideias, porque, logo
nas primeiras intervenções que fez na Comissão de Educação e Cultura, deixou muito claro que a cópia