20 DE SETEMBRO DE 2014
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Todos nós temos consciência das carências de recursos humanos que a região tem no setor da saúde. É
por isso que este Governo, já por várias vezes, abriu concursos para colocação de médicos especialistas,
concursos esses que ficaram desertos. Não foram «congelados», Sr. Deputado Miguel Freitas, ficaram
desertos! Recentemente, foi aberto um concurso para colocação de enfermeiros, que foram considerados
prioritários, e hoje mesmo o Ministério da Saúde declarou que vai colocar no nosso País mais 1000
enfermeiros.
Vozes do PSD: — Exatamente!
A Sr.ª Elsa Cordeiro (PSD): — É por isso que concordamos com a mobilidade de alguns recursos
humanos, quando excedentes, de uma instituição para outra; é por isso também que defendemos que não
deve haver sobreposição de oferta em cuidados de saúde, de forma a combater o desperdício de recursos
materiais e humanos; e muito mais poderia ser realçado.
Assim, acompanhamos algumas das recomendações apresentadas no projeto de resolução do Partido
Socialista, porque não somos insensíveis à real situação dos cuidados de saúde primários no Algarve, mas
não poderemos acompanhar nenhuma das recomendações apresentadas tanto na iniciativa do PCP como na
iniciativa do Bloco de Esquerda, porque, por um lado, a larga maioria das medidas propostas já estão
implementadas ou em fase de implementação…
A Sr.ª Paula Santos (PCP): — Em implementação?!
A Sr.ª Elsa Cordeiro (PSD): — … e, por outro lado, existe um acompanhamento constante por parte dos
serviços de saúde da região na avaliação das necessidades de recursos humanos.
Em nossa opinião, não é com projetos de resolução demagógicos, abaixo assinados, petições e até
providências cautelares que se resolvem as carências existentes na prestação de cuidados de saúde na
região do Algarve. Acreditamos que só com um diálogo alargado entre todas as partes — ARS Algarve e
autarquias — será possível encontrar soluções de criação de incentivos para fixação de profissionais de saúde
no Algarve.
Só assim poderemos ter um Serviço Nacional de Saúde cada vez mais eficiente e de qualidade na
prestação de cuidados de saúde, para que se atinja a sua universalidade e equidade a toda a população
algarvia. Este Governo e esta maioria estão a contribuir para a melhoria da prestação de cuidados de saúde
na região do Algarve e no resto do País.
Aplausos do PSD e do CDS-PP.
O Sr. Presidente (António Filipe): — Para uma intervenção, tem a palavra o Sr. Deputado Artur Rêgo, do
CDS-PP.
O Sr. Artur Rêgo (CDS-PP): — Sr. Presidente, Sr.
as e Srs. Deputados: Temos ouvido, até agora, inúmeras
críticas da esquerda às políticas do Governo na área da saúde, nomeadamente no que diz respeito à minha
região do Algarve.
Desmantelamento, destruição, desinvestimento, desvalorização, carência são apenas alguns dos termos
catastrofistas utilizados pela oposição para descrever o que se passa na área da saúde no Algarve.
Reconhecendo que nem tudo está bem — é um facto —, entendo que tem de haver, nesta discussão, um
mínimo de honestidade intelectual. Para isso, temos de ser pragmáticos e ir aos factos.
Comecemos, então, pelo início de funções deste Governo, no final de 2001. Após análise da situação dos
hospitais da região do Algarve integrados no Serviço Nacional de Saúde (SNS) — Hospital de Faro e Centro
Hospitalar do Barlavento Algarvio —, nas vertentes assistencial, económica e financeira, a situação era a
seguinte: no final de 2012, os dois hospitais encontravam-se em situação de falência técnica, com capitais
próprios fortemente negativos, totalizando perto de 88 milhões de euros; a dívida líquida a pagar a terceiros
acrescentava a este valor 140,5 milhões de euros, relativos a dívidas a fornecedores.