27 DE SETEMBRO DE 2014
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A Sr.ª Presidente: — Srs. Deputados, Sr. Primeiro-Ministro e Srs. Membros do Governo, a quem
cumprimento, Srs. Jornalistas, Srs. Funcionários, está aberta a sessão.
Eram 10 horas e 2 minutos.
Srs. Agentes da autoridade, podem abrir as galerias.
Srs. Deputados, não havendo expediente para ser lido, passamos, de imediato, à ordem do dia que, como
sabem, consiste no debate quinzenal com o Primeiro-Ministro sobre as questões de relevância política,
económica e social.
O modelo deste debate é feito ao abrigo da alínea a) do n.º 2 do artigo 224.º do Regimento, significando
isto que o debate abre com uma intervenção do Sr. Primeiro-Ministro, seguindo-se as perguntas pela seguinte
ordem: PS, PCP, Bloco de Esquerda, Os Verdes, CDS-PP e PSD.
Tem a palavra, Sr. Primeiro-Ministro.
O Sr. Primeiro-Ministro (Pedro Passos Coelho): — Sr.ª Presidente, Sr.as
e Srs. Deputados: O Governo
indicou hoje que havia questões de relevante interesse de natureza política, social e económica para discutir
no Parlamento.
Evidentemente que há aspetos importantes relacionados quer com o salário mínimo nacional quer com a
execução orçamental que espero, hoje, o debate quinzenal nos dê possibilidade de tratar politicamente.
Mas escolhi para intervenção inicial um esclarecimento que entendo ser útil oferecer quer aos portugueses
quer, evidentemente, às Sr.as
e aos Srs. Deputados na Assembleia da República e que está relacionado com
acusações, que só ontem conheci com rigor, que me foram feitas relativamente ao passado exercício
parlamentar que, de 1995 a 1999, desenvolvi na Assembleia da República, havendo insinuação e denúncia de
que teria, nessa altura, auferido outros rendimentos pagos por uma empresa, a empresa Tecnoforma,
incompatíveis com a minha declaração de rendimentos e com o exercício, de facto em exclusividade, das
funções parlamentares durante esse período.
Entendi, quando essa denúncia pública foi feita há cerca de uma semana, que era importante que fosse,
em primeiro lugar, o Parlamento e, em segundo lugar, a Procuradoria-Geral da República a pronunciarem-se
sobre matérias de facto.
Foi assim que esperei que o Parlamento esclarecesse as condições em que exerci o meu mandato de
Deputado na Assembleia da República na segunda Legislatura que cumpri como Deputado.
A Assembleia da República esclareceu: o então Deputado Pedro Passos Coelho não solicitou o regime de
exclusividade, pelo que a ele não lhe foi pago durante esse período.
No final desse período, o ex-Deputado Pedro Passos Coelho solicitou, como, de resto, à época todos os
Srs. Deputados o faziam, o subsídio de reintegração. Nessa altura também, o ex-Deputado Pedro Passos
Coelho poderia ter solicitado que lhe fosse atribuída a subvenção mensal vitalícia, coisa que não fez. Coisa
que não fez! Coisa que não fez!
Aplausos do PSD e do CDS-PP.
O Sr. José Junqueiro (PS): — Isso não é verdade!
O Sr. Primeiro-Ministro: — Mas solicitou o subsídio de reintegração e, nos termos em que foi informado
pelos serviços da Assembleia da República, dado que não tinha solicitado no início do mandato a
exclusividade e que, portanto, não tinha sido remunerado enquanto tal, anexou as suas declarações de
rendimentos para comprovar que, de facto, apesar de formalmente o não ter solicitado e de não ter por isso
recebido qualquer compensação adequada a essa circunstância durante esses quatro anos, o então Deputado
Pedro Passos Coelho viveu em exclusividade do Parlamento, sendo que eram compatíveis com essa
exclusividade colaborações que mantinha com órgãos de comunicação social e cujos rendimentos associados
estavam declarados.
Sobre esta matéria, quero dizer e reafirmar, perante o Parlamento, o que tive ocasião de dizer
publicamente: tive a consciência de não ter nada que não estivesse de acordo com aquilo que eram as minhas