I SÉRIE — NÚMERO 9
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O Sr. Artur Rêgo (CDS-PP): — É verdade!
A Sr.ª Teresa Caeiro (CDS-PP): — Vemos agora que assim não foi. Os senhores mantêm o mesmo
registo, a mesma negação perante a realidade, perante o que foi feito, perante as dificuldades e os desafios
com que o Serviço Nacional de Saúde se confronta para se manter um serviço, de que todos nos orgulhamos,
universal, geral, tendencialmente gratuito e com qualidade.
Esperava também que hoje houvesse já um indício de que os senhores fossem mudar o vosso discurso e
que isso pudesse traduzir-se não só num gritar de chavões — desculpe a expressão — como se não
houvesse amanhã mas, sim, em começarem a apresentar verdadeiramente iniciativas…
O Sr. Nuno Magalhães (CDS-PP): — Muito bem!
A Sr.ª Teresa Caeiro (CDS-PP): — … e não a meia dúzia de projetos de lei, que foi aquilo que os senhores
apresentaram nos últimos três anos. Seis projetos de lei — foi o vosso contributo para a área da saúde.
Sr.ª Deputada Luísa Salgueiro, queria perguntar-lhe se o PS concorda, ou não, que para a criação
progressiva de um serviço nacional de saúde é preciso a «moralização e racionalização de consumos,
obtenção de economias de escala, dos gastos da administração e de funcionamento dos serviços», bem como
«racionalizar os consumos e os gastos, em geral, de modo a obter-se um acréscimo de economicidade e
utilização dos recursos mobilizadores para o sector.»
A Sr.ª Deputada deve achar que foi algum neoliberal que disse estas palavras. Não! Sabe quem fez estas
afirmações? Foi, em 1978, o Dr. António Arnaut, então ministro dos assuntos sociais, o vosso querido pai do
SNS. Ai de nós que utilizássemos a palavra «economicista»!…
O Sr. Artur Rêgo (CDS-PP): — Ora!…
A Sr.ª Teresa Caeiro (CDS-PP): — Pergunto-lhe também, Sr.ª Deputada, se concorda, ou não, que «se
deverá agir sobre o consumo exagerado dos cuidados de saúde, o que conduz a um aproveitamento abusivo e
indisciplinado dos esquemas oferecidos. É preciso atender a uma disponibilidade de recursos financeiros
limitados e elaborar um plano de saúde integrado no plano de desenvolvimento socioeconómico do País.» O
que é que isto significa? Significa que temos de adequar e adaptar o Serviço Nacional de Saúde, mantendo os
seus eixos principais, «à situação e ao desenvolvimento socioeconómico do País.» E quem é que disse isto?
Foi o Deputado Nuno Magalhães? Não, não foi. Foi Maldonado Gonelha,…
O Sr. Artur Rêgo (CDS-PP): — Ora!…
A Sr.ª Teresa Caeiro (CDS-PP): — … veja bem, ministro do Governo de Mário Soares.
Sr.ª Deputada, queria saber também a sua opinião relativamente às seguintes afirmações, estas mais
recentes: «A reforma do SNS visará corrigir os problemas estruturais que têm vindo a propiciar desperdícios
geradores de subfinanciamento e garantir que o financiamento do SNS seja sustentável, equitativo e
equilibrado, de modo a assegurar, de forma estável, um conjunto de cuidados de saúde essenciais aos
cidadãos, compatibilizando as receitas do SNS com os recursos a afetar aos serviços que ao Estado cabe
financiar.»
Foi o Sr. Ministro Paulo Macedo que disse isto? Não!… Foi a Sr.ª Deputada, então ministra, Maria de
Belém de Roseira, a quem aproveito para saudar se estiver presente na Câmara.
O Sr. Artur Rêgo (CDS-PP): — Ora!…
O Sr. Presidente (Guilherme Silva): — Faça favor de terminar, Sr.ª Deputada.
A Sr.ª Teresa Caeiro (CDS-PP): — Vou terminar, Sr. Presidente.
Eu esperava que, depois de domingo passado, o discurso e a negação do Partido Socialista sofressem
uma inversão. Pelos vistos, não é verdade, mas nós não vamos desistir de os convocar para um pacto que