I SÉRIE — NÚMERO 9
22
O Sr. Presidente (Guilherme Silva): — Para pedir esclarecimentos, tem a palavra o Sr. Deputado Ricardo
Baptista Leite.
O Sr. Ricardo Baptista Leite (PSD): — Sr. Presidente, Sr. Deputado João Semedo, da sua intervenção,
pegando na questão do acordo com a indústria farmacêutica, não se pode deixar de relevar o facto de ter sido
neste Governo, no tempo difícil que tem atravessado, vinculado ao Memorando de Entendimento da troica e
que obrigava a reduções sem precedentes, no que diz respeito a custos com medicamentos, que se conseguiu
três acordos seguidos com a indústria farmacêutica, reduzindo para 1,25% do PIB e, depois, para 1% do PIB a
despesa em medicamentos, tendo-o feito, simultaneamente, com a redução do custo para o Estado e para
cada um dos cidadãos, aumentando assim o acesso dos cidadãos à saúde. Parece-me que isto é que merecia
aqui o devido destaque. E o Sr. Deputado começou a sua intervenção destacando a procura que o PSD tem
realçado em encontrar alianças, particularmente com o Partido Socialista. Nós valorizamos as alianças, mas
não fomos nós, no tempo de António José Seguro, que fomos a correr ao Largo do Rato à procura de uma
qualquer coligação governamental!
Vozes do PSD: — Muito bem!
O Sr. Ricardo Baptista Leite (PSD): — Mas, Sr. Deputado, nós valorizamos muito as alianças e é curioso
que tenha feito esta intervenção nesta semana em particular, em que ouvi o líder da sua bancada dizer que o
Bloco de Esquerda nasceu para ser alternativa à alternância, mas que deixou de o ser — se é que alguma vez
o foi! Mas esta é uma opinião pessoal. Mas a razão por que o Bloco não é alternativa é porque não apresenta
as propostas, não apresenta a sua visão, não sabemos o que pensa para a saúde no futuro. É o ser contra,
por ser contra! É o porque «sim»!
Protestos do BE.
Precisamos, objetivamente, e não podemos deixar de o reforçar, de um pacto, precisamos de um contrato
social, precisamos de uma plataforma, chamem-lhe o que quiserem. Precisamos de nos entender de uma vez
por todas, a bem da saúde de todos os portugueses. É isto que nos exigem aqui, nesta Câmara, para que, no
futuro, o Serviço Nacional de Saúde sirva os cidadãos, sejam eles saudáveis, sejam eles doentes.
Nós, de facto, resgatámos, com este Governo, o Serviço Nacional de Saúde do Memorando de
Entendimento da troica e, agora, o enfoque está, como tem sido dito, na redução da carga da doença e na
promoção da saúde.
As questões que coloco ao Sr. Deputado são as seguintes: quais são as visões do Bloco de Esquerda em
relação à saúde? Que modelo de gestão de doença defendem? Que organização de cuidados de saúde
defendem? Como é que defendem a organização ou a reorganização dos hospitais, dos centros de saúde, dos
cuidados continuados? Qual é a política de saúde pública que defendem? Como é que se propõe que se
reduza a carga da doença? Afinal, qual é a alternativa que o Bloco de Esquerda oferece a este País?
O Sr. Presidente (Guilherme Silva): — Para responder, tem a palavra o Sr. Deputado João Semedo.
O Sr. João Semedo (BE): — Sr. Presidente, Sr. Deputado Ricardo Baptista Leite, recomendo-lhe alguma
prudência. Não meta a mão naquilo que não é da sua especialidade.
Aplausos do BE.
O Sr. Miguel Santos (PSD): — Que arrogância!
O Sr. João Semedo (BE): — Se quer falar do passado, recordo-lhe que essa reunião a que o Sr. Deputado
se referiu se realizou no mesmo momento em que o PSD e o CDS estavam numa das sedes a negociar com o
PS. Esta é que é a realidade!