9 DE OUTUBRO DE 2014
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Hoje, o País pede que o Governo assuma o mínimo que tem de assumir, indemnizando todos os
professores que foram lesados em circunstâncias diversas; que abra o jogo e divulgue publicamente as listas
de bolsa de contratação de escolas; que divulgue todos, todos os lugares de docência ainda por preencher;
que responda aos recursos apresentados pelos professores; que defina a forma de compensar os alunos
pelas aulas que não tiveram durante um mês do ano letivo.
Mas mais: o País precisa de estabilidade no método de colocação de professores, que só é garantida com
uma lista nacional de graduação profissional que não seja definida às portas do início do novo ano letivo e que
vincule ao quadro os professores que vão preencher necessidades permanentes das escolas.
O Sr. João Oliveira (PCP): — Exatamente!
A Sr.ª Heloísa Apolónia (Os Verdes): — Sr.ª Presidente, Sr.as
e Srs. Deputados, se o Sr. Ministro da
Educação tivesse consciência da sua irresponsabilidade como governante, da forma como faz dos professores
umas peças de xadrez, de como prejudica toda a comunidade educativa e a escola pública, hoje não estaria
aqui porque teria já pedido a sua demissão, uma vez que não tem mais condições para continuar. Não o fez e
o Sr. Primeiro-Ministro também não o demitiu, tornando-se expressamente conivente com todo este desaire.
O Governo está todo ele associado a estas inúmeras trapalhadas e incompetências brutais. E porque para
o Sr. Presidente da República só conta o Governo e mais ninguém, o Partido Ecologista «Os Verdes»
considera que o xeque-mate tem de ser dado a este Governo e às suas políticas pelo povo português. Por isso
dizemos: é tempo de reforçar a luta pela dignidade do povo português!
Aplausos de Os Verdes e do PCP.
A Sr.ª Presidente: — Com esta intervenção fica aberto o debate de atualidade sobre educação.
A próxima intervenção registada na Mesa é do PCP.
Tem a palavra a Sr.ª Deputada Rita Rato.
A Sr.ª Rita Rato (PCP): — Sr.ª Presidente, Srs. Membros do Governo, Sr.as
e Srs. Deputados: No passado
dia 18 de setembro, há três semanas, o Sr. Ministro, aí nesse sítio onde se encontra agora, afirmou que a
bolsa de contratação de escola traz grandes benefícios para os alunos. Disse que houve uma incongruência
por parte dos serviços do Ministério da Educação que tem de ser corrigida e que afeta menos de 1% das
escolas.
Disse: «vamos recalcular todas as posições e onde houver, e se houver, alguma ultrapassagem, esta
situação será corrigida; os professores colocados mantêm-se; os alunos não serão prejudicados; depois de
novas ordenações, eventuais duplicações serão avaliadas caso a caso; o objetivo é que ninguém seja
prejudicado».
«Podem ter a certeza», disse o Sr. Ministro «estamos a trabalhar para que na próxima semana este
problema esteja resolvido e ninguém seja prejudicado».
Sr. Ministro, o senhor mentiu. Mentiu a todos: aos professores, aos pais, às escolas, ao País.
Na passada sexta-feira, o Sr. Ministro deu ordem de despedimento a todos os professores, que assumiu,
aqui nesta Casa, que iria manter na escola. Isto é inaceitável e o Sr. Ministro faltou à palavra dada aqui, no
Parlamento.
Sr. Ministro, essa decisão representa um desprezo brutal pela vida dos professores, pela vida de milhares
de professores que tiveram de palmilhar o País, com a casa e os filhos às costas — professores de Bragança
que foram colocados em Aljustrel e, ontem mesmo, já estavam em Loures —, ignorando as dificuldades e as
instabilidades na vida destas pessoas, e depois dizendo «porta fora, que foram despedidos da escola pública».
Sr. Ministro, não são os professores que estão a mais na escola pública, os professores fazem falta na
escola pública. Quem está a mais na escola pública é o Sr. Ministro e a política deste Governo, de
desmantelamento da escola pública.
Aplausos do PCP.