23 DE OUTUBRO DE 2014
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Governo, que supostamente deveria representar as populações, defende o interesse privado que deseja
apropriar-se da EGF.
Poderá dizer a maioria que é um valor que é necessário encaixar.
Srs. Deputados, aquilo por que se pensa vender a EGF não paga 15 dias de juros que os senhores do PSD
e do CDS entregam diariamente, pelas mãos do Governo, aos agiotas e aos especuladores. Não paga 15
dias! São anos, décadas de esforço, de investimento e de trabalho dos portugueses, das autarquias, na
construção dos sistemas de raiz, na construção das incineradoras, da gestão, da recolha e do tratamento que
este Governo quer vender, abdicando, inclusivamente, dos lucros que a empresa gera.
O Sr. João Oliveira (PCP): — Exatamente!
O Sr. Miguel Tiago (PCP): — Nas Jornadas Parlamentares do PCP, visitámos uma dessas empresas e
reunimos, inclusivamente, com a Administração, a Valorsul, a maior dessas empresas, e verificámos que é
possível, com o comando público e democrático, com a intervenção das democracias, ter uma empresa e
sistemas que funcionem como verdadeiras organizações sociais ao serviço da comunidade.
O Sr. João Oliveira (PCP): — Exatamente!
O Sr. Miguel Tiago (PCP): — Era ao serviço desses interesses que deveria estar o Governo e não ao
serviço de quem se quer apropriar dos benefícios que a EGF pode trazer ao País.
Aplausos do PCP.
O Sr. Presidente (António Filipe): — Para apresentar o projeto de lei do Bloco de Esquerda, tem a palavra
a Sr.ª Deputada Helena Pinto.
A Sr.ª Helena Pinto (BE): — Sr. Presidente, Sr.as
e Srs. Deputados: A privatização da EGF, mais uma vez,
volta ao debate neste Parlamento e voltará as vezes que forem necessárias até que se pratique uma alteração
política nesta matéria. O assunto é por demais importante e por isso se justifica este debate. Aliás, parece que
no dia de hoje falaremos muito de privatizações, falaremos muito da política deste Governo e da maioria PSD
e CDS que pretende destruir as empresas que dão lucro ao nosso País.
A EGF, Empresa Geral de Fomento, é uma empresa pública que assume uma forma muito especial de
uma parceria entre a administração central e os municípios. É uma empresa lucrativa — quantas vezes é
preciso dizer isto, Srs. Deputados?
A EGF movimenta, por ano, qualquer coisa como 170 milhões de euros; tem um património de muito valor
— muito valor! —, fruto do investimento público, investimento público do Estado e das autarquias, que
conseguiram uma autêntica revolução no setor dos resíduos em Portugal bem como um serviço de excelência
nesta matéria, com as implicações que tem em termos ambientais e de saúde pública ao serviço das
populações; emprega 2000 trabalhadores que, com o seu saber, o seu empenho e a dedicação ao serviço
público, desenvolveram esta empresa.
E é esta empresa, Sr.as
e Srs. Deputados, que o Governo quer privatizar. Quer privatizar por um valor que
não vai resolver problema nenhum. A empresa foi avaliada em 149,9 milhões de euros. É este o valor que lhe
foi dado.
Dizem os Srs. Deputados da maioria que vai servir para abater na dívida da Águas de Portugal, mas isto é
uma ínfima parte.
O Sr. Pedro Filipe Soares (BE): — Uma gota!
A Sr.ª Helena Pinto (BE): — Portanto, não resolve o problema da dívida da Águas de Portugal…
O Sr. Pedro Filipe Soares (BE): — É uma vergonha