I SÉRIE — NÚMERO 18
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A Sr.ª Mónica Ferro (PSD): — Viana do Castelo recupera hoje o dinamismo e a construção naval e
recupera a sua imagem de competência.
Protestos da Deputada do PCP Rita Rato.
É verdade, Sr.ª Deputada!
O Sr. Luís Montenegro (PSD): — Foi mais um dos enganos!
A Sr.ª Mónica Ferro (PSD): — Foi mais um dos enganos! Exatamente!
Sr. Primeiro-Ministro, este Orçamento traduz, na defesa, uma nova abordagem qualitativa.
Podemos garantir a esta Câmara e aos portugueses e às portuguesas que nos ouvem que este Orçamento
assegura a operacionalidade das nossas Forças Armadas, garante as condições para o cumprimento das
missões que lhes estão atribuídas, desde logo a segurança e defesa do povo português e da pátria e a
construção da paz e segurança internacionais.
Gostaríamos de ter a oposição do nosso lado neste debate, pelo menos a contribuir positivamente para ele,
mas bem sabemos que não nos demoveremos.
Aplausos do PSD e do CDS-PP.
A Sr.ª Presidente: — A próxima pergunta e última desta ronda cabe ao PCP.
Sr. Deputado Miguel Tiago, faça favor.
O Sr. Miguel Tiago (PCP): — Sr.ª Presidente, Sr. Primeiro-Ministro, este é, claramente, um Orçamento que
persiste — aliás, o Sr. Primeiro-Ministro não o nega — no rumo de empobrecimento, apesar de trazer, dada a
situação e a altura em que nos encontramos, uma máscara de alívio, perante aquilo que se tem vindo a passar
com os portugueses. E até a sua intervenção tem, sobre isso mesmo, contradições: o mesmo Orçamento que
faz uma estimativa de crescimento económico baseada especialmente nas exportações é aquele que diz que
o cenário internacional que alimenta essas exportações é adverso.
Portanto, Sr. Primeiro-Ministro, as expetativas que aqui traz para poder mascarar de alívio o Orçamento de
empobrecimento são elas próprias muito frágeis.
Sr. Primeiro-Ministro, em 2010, o Estado português pagava, em juros e encargos da dívida pública,
qualquer coisa como 4800 milhões de euros; era já uma fatia incomportável, com custos muito significativos
para os portugueses. Hoje, não chega a cinco anos, esse valor ascende a 8200 milhões de euros, já previstos
no Orçamento do Estado para 2015.
Sr. Primeiro-Ministro, isto é o resultado, não daquilo que diz ser uma diminuição da dívida, mas de uma
dívida que continua incomportavelmente a crescer. Aliás, nem a Sr.ª Ministra de Estado e das Finanças teve
coragem de vir dizer, na apresentação que fez aos grupos parlamentares do Orçamento do Estado, que a
dívida portuguesa teria diminuído em percentagem do PIB, porque isso se deve a uma alteração da bitola para
o SEC 2010,…
O Sr. João Oliveira (PCP): — Exatamente!
O Sr. Miguel Tiago (PCP): — … que faz com que a proporção entre o PIB e a dívida, estatisticamente,
esteja alterada, porque a dívida pública — e o Sr. Ministro deve sabê-lo ou, se não sabe, é igualmente grave
— aumentou 4,1 mil milhões de euros no último ano, ao contrário daquilo que aqui nos tentou fazer crer.
Sr. Primeiro-Ministro, entre 2014 e 2020, estima-se, o Estado português continua comprometido com mais
60 000 milhões de euros de juros para pagar de dívida, o que significa que a fatia do Orçamento que será
afeta a juros tenderá, inclusivamente, a crescer até 2020.