I SÉRIE — NÚMERO 24
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Este despedimento está ou não desligado do uso e abuso dos contratos de emprego-inserção, dos
desempregados que trabalham de graça para o Estado ou dos milhares de estagiários, que, com falsas
esperanças relativamente à sua colocação, ocupam tarefas permanentes na Administração Pública?
Este processo, que importa travar com a luta dos trabalhadores, prova que quem está a mais é o Governo
PSD/CDS-PP, não são os trabalhadores. E prova ainda, como sempre dissemos, que a troica sempre foi a
desculpa esfarrapada para PSD e CDS-PP cumprirem os seus objetivos políticos: governar contra a
Constituição, destruir as conquistas sociais do 25 de Abril e continuar a encher os bolsos do grande capital,
dos grandes grupos financeiros.
Aplausos do PCP.
A Sr.ª Presidente: — Pelo PSD, tem a palavra, para uma intervenção, o Sr. Deputado João Figueiredo.
O Sr. João Figueiredo (PSD): — Sr.a Presidente, Sr.
as e Srs. Deputados, Secretário de Estado: O Partido
Socialista trouxe ao debate um tema da maior importância e da maior atualidade, que nos permitirá esclarecer
as pessoas, em particular as que estão abrangidas pelo processo de requalificação, e que nos devem merecer
o maior respeito.
Com efeito, este tema deve ser objeto de um debate sério e alargado a todos os partidos com
representação nesta Casa, pois trata da vida das pessoas e do sistema público da segurança social, que nos
deve merecer a maior atenção, o maior rigor e, até, a maior contenção.
A nobreza do tema não se compadece com o mero arremesso político. Por isso, começo por estranhar o
texto que serviu de base a este debate.
Com efeito, o Partido Socialista, que tem uma triste história com o processo dos excedentários e dos
disponíveis impostos nos dois últimos dois anos dos governos de José Sócrates, parece não querer entender
o que hoje pretende o Governo com a requalificação.
Srs. Deputados, importa relembrar duas coisas importantes.
Primeira: não se trata de nenhum despedimento de funcionários na segurança social. Segunda: a
segurança social dispõe hoje de funcionários que, pelas suas competências e funções, deixaram de ser
essenciais ao funcionamento dos seus serviços.
O Sr. Jorge Machado (PCP): — É falso!
A Sr.ª Rita Rato (PCP): — Quais?! Diga quais, Sr. Deputado!
O Sr. João Figueiredo (PSD): — Por isso, porque respeitamos todos os trabalhadores públicos e privados,
entendemos que os funcionários que hoje são encaminhados para o processo de requalificação têm de ser,
sempre que possível, direcionados para novas funções, ou, até, com as mesmas funções, recolocados noutros
serviços do Estado onde possam ser úteis.
O Sr. Jorge Machado (PCP): — É mentira!
O Sr. João Figueiredo (PSD): — Ter funcionários sem funções é, antes de mais, Srs. Deputados, uma
falta de respeito para com os próprios e, também, um desperdício de recursos que, como todos sabemos, são
escassos.
É por isso que este processo de requalificação assenta num aturado planeamento e estudo, com a criação
de salvaguardas para casos de especial sensibilidade.
Não queremos, como no passado recente, e de acordo com as notícias relativas ao Ministério da
Agricultura, que as pessoas que servem os desígnios do Estado com esforço e espírito de missão sejam
atiradas para um processo mal pensado e arbitrário que não respeite as pessoas e possa, amanhã, andar nos
corredores da justiça numa escusada litigância que a todos desgasta.