6 DE DEZEMBRO DE 2014
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A maior cooperativa vinícola da ilha, na Chã das Caldeiras, ainda está em perigo. Casas particulares,
escolas, outros edifícios públicos, terrenos aráveis, gado a morrer, as consequências da fúria do vulcão são
trágicas, com destaque para a vila da Portela, que foi praticamente destruída.
Não há vítimas mortais a lamentar mas tem sido muito difícil aos poderes públicos cabo-verdianos,
nomeadamente a sua proteção civil, dar resposta às consequências da progressão das lavas e da propagação
dos fumos. O Primeiro-Ministro de Cabo Verde admitiu mesmo a falta de recursos para lidar com esta tragédia,
nomeadamente com a situação dos mais frágeis, velhos e crianças com necessidades de reforço alimentar.
As lavas, que têm descido imparavelmente, têm mudado continuamente de direção, o que obriga as
autoridades a alterar permanentemente os planos de atuação.
A Comissão Europeia anunciou que o mecanismo de proteção civil da União Europeia foi ativado para
apoiar Cabo Verde. Portugal já enviou um navio da Marinha — a fragata Álvares Cabral — com equipamento
de telecomunicações, um helicóptero e bens de auxílio como cobertores, camas e máscaras respiratórias.
A comunidade cabo-verdiana em Portugal tem vindo a responder igualmente com um esforço solidário na
ajuda às vítimas.
A Assembleia da República manifesta ao povo Cabo-Verdiano a sua solidariedade por esta tragédia e
recomenda ao Governo português, aos Estados da União Europeia e à Comunidade dos Países de Língua
Portuguesa que continuem a disponibilizar os meios de ajuda e auxílio ao povo de Cabo Verde, nesta hora de
sofrimento».
A Sr.ª Presidente: — Srs. Deputados, vamos votar o voto n.º 230/XII (4.ª) — De solidariedade para com o
povo de Cabo Verde pela erupção na ilha do Fogo (PS).
Submetido à votação, foi aprovado por unanimidade.
Passamos ao voto n.º 232/XII (4.ª) — De congratulação pela inscrição do Cante Alentejano na Lista
Representativa do Património Cultural Imaterial da UNESCO (PCP, BE, PS, Os Verdes, PSD e CDS-PP).
Vai fazer o favor de proceder à leitura do voto o Sr. Secretário, Deputado Jorge Machado.
O Sr. Secretário (Jorge Machado): — Sr.ª Presidente e Srs. Deputados, o voto é do seguinte teor:
«A Assembleia da República congratula-se pela decisão de reconhecimento do Cante Alentejano como
Património Imaterial da Humanidade, tomada pela UNESCO, em 27 de novembro de 2014, na 9.ª Reunião do
Comité Intergovernamental para a Salvaguarda do Património Cultural Imaterial.
O Cante Alentejano, expressão cultural profunda e sentida, é a marca caraterística de um povo humilde
que foi transformando a sua vida, as suas lutas, dificuldades e alegrias, em Cante e em modas. Estando
associado, nas suas origens, à região histórica do Baixo Alentejo, o Cante é praticado no Alentejo e nos locais
para onde foi levado pela diáspora, não estando desligado da mescla cultural que é o Alentejo. Na sua relação
íntima com o trabalho, com o lazer e com o quotidiano, «é um canto coletivo, sem recurso a instrumentos, que
incorpora música e poesia», «integra, em muitos elementos que compõem o seu repertório, a polifonia
mediterrânea de raiz tradicional, religiosa e popular» e é hoje um forte elemento de cariz identitário e, como tal,
elemento de agregação social e etária.
O processo de candidatura do Cante Alentejano a Património Imaterial da Humanidade incentivou o
surgimento de novos e jovens grupos de cantadores, permitindo também que o País e o mundo conhecessem
mais sobre esta forma única de expressão cultural. A própria candidatura foi um contributo para afirmar,
reconhecer e consolidar o futuro do Cante, que agora se fortalece com o reconhecimento decidido pela
UNESCO.
A consagração do Cante Alentejano como Património Imaterial da Humanidade é um importante elemento
de valorização desta manifestação da cultura popular e contribui decisivamente para a sua preservação e
salvaguarda.
Através deste voto, a Assembleia da República felicita as entidades que integraram a Comissão Executiva
da candidatura pelo trabalho que, de forma persistente, desenvolveram, bem como todas as entidades e
individualidades que se envolveram e empenharam neste processo, que de forma visionária reconheceram as
suas virtudes e contribuíram para o seu sucesso.