8 DE JANEIRO DE 2015
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e que ela está a subir, que temos números de pobreza infantil na casa dos 30%, a subir todos os anos desde
que o atual Governo iniciou funções, e que a fuga de cérebros e o número de jovens que têm de emigrar para
encontrar oportunidades também têm estado em subida constante desde que este Governo iniciou funções.
Mas, acima de tudo, e o azar, às vezes, acontece, é azar que tenha de ser hoje, no dia em que se revelam
os números do desemprego e em que se verifica que ele está a subir em todas as taxas, em particular no que
diz respeito aos desempregados jovens — há 128 000 desempregados jovens, a taxa é de 34,5%, sendo a
maior subida mensal no desemprego juvenil nos 28 Estados-membros da União Europeia, há uma quebra de
21,4% no emprego jovem, são os dados de hoje —, quando queremos olhar para o ano de 2015 com
otimismo, com expetativa, que os dados funcionem como uma bola de ferro que nos acorrentam, mais uma
vez, ao fundo e que, mais uma vez, revelam que esta estratégia é errada, é uma estratégia de
empobrecimento, é uma estratégia que vai, a longo prazo, condenar as futuras gerações a não terem um
vislumbre de oportunidades.
O que fazem é repetir reiteradamente a mesma conversa estafada sobre o défice, sobre as contas públicas
como se, efetivamente, não houvesse possibilidade de recorrer a mecanismos que a economia política utiliza
há dois séculos, aliás, há dois milénios, para situações de dificuldade, permitindo que a economia cresça
através de incentivos que podem ser públicos, que podem ser dinamizados pelo Estado. Ao contrário, utilizam
uma retórica estritamente assente na mesma máxima, no mesmo dogma, nas mesmas obsessões que, nos
últimos três anos, não nos trouxeram mais do que um empobrecimento estruturado do nosso País.
A pergunta que gostava de fazer é se, neste contexto em que os números não são positivos, em que
temos, mais do que outra coisa, uma necessidade de prioridades, de ideias que consigam mobilizar os jovens
para os desafios que temos pela frente, o melhor consegue é requentar um discurso sobre o TGV, sobre as
imensas responsabilidades, se o melhor que consegue é tentar reescrever a história, esquecendo, talvez, que
muitas destas questões que hoje estão na agenda e que avaliamos dizem respeito a anos que não são da
responsabilidade do Partido Socialista, mas a partidos que, quando passaram pela governação, optaram por
subscrever acordos internacionais com Estados vizinhos para a construção de cinco, repito, cinco, linhas de
transporte de alta velocidade.
A Sr.ª Presidente: — Queira concluir, Sr. Deputado.
O Sr. Pedro Delgado Alves (PS): — Concluo, Sr.ª Presidente,
Portanto, podemos optar por dois caminhos: ou fazemos um debate sério com base na realidade, com base
nos números, que, infelizmente, não são bons e que todos nesta Câmara gostariam que fossem melhores, ou,
em alternativa, encaramos isto apenas como uma troca de galhardetes sem substância e sem verdadeira
vontade de mudança para o País.
Aplausos do PS.
A Sr.ª Presidente: — A próxima pergunta é do Bloco de Esquerda.
Tem a palavra a Sr.ª Deputada Mariana Mortágua.
A Sr.ª Mariana Mortágua (BE): — Sr.ª Presidente, Sr. Deputado Simão Ribeiro, o PSD fala do anterior
Governo do PS como se nunca tivesse governado este País. O PSD fala como se não tivesse a sua quota-
parte nas PPP,…
O Sr. Duarte Filipe Marques (PSD): — Quais?!
A Sr.ª Mariana Mortágua (BE): — … como se não tivesse a sua quota-parte nas rendas da energia, como
se não tivesse a sua quota-parte no apoio à banca, como se não tivesse a sua quota-parte na crise e no
défice. A verdade é que o PS e o PSD criaram o rotativismo e ambos têm o prazer de repartir as culpas deste
processo.
Mas as culpas não ficam por aí. As culpas ficam com um PSD que levou a finança até à crise que criou em
2007, que nunca quis controlar a finança e, por isso, contribuiu para a crise de 2007. As culpas ficam com um