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I SÉRIE — NÚMERO 34

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É, de facto, um ato bárbaro e que não poderia passar sem que a Assembleia da República se pronunciasse

contra este ato de terrorismo. É inaceitável que se ataque a liberdade de imprensa e que nós pudéssemos

ficar calados perante este ataque.

Uma palavra de solidariedade a quem trabalhava naquele jornal, a todos os profissionais da imprensa que,

no valor da sua liberdade, também têm o valor da nossa sociedade, porque na liberdade deles há a liberdade

de todas e de todos nós.

Uma palavra de pesar aos familiares daqueles que faleceram, mas uma palavra de profunda indignação

perante o que aconteceu.

O Parlamento português fará o caminho para poder tomar uma posição firme enquanto voto, no próximo

período de votações. Será fácil que todos os grupos parlamentares consigam chegar a acordo num texto para

podermos deixar a marca inequívoca da posição formal do Parlamento, mas queria deixar aqui a posição do

Grupo Parlamentar do Bloco de Esquerda para a necessidade de pensarmos a liberdade e a liberdade de

imprensa sem cairmos em ideias fáceis, nem na ideia do choque de civilizações, nem na ideia do choque de

religiões, e sem esquecer também que foi em França que tivemos grandes bastiões contra o ataque às

liberdades, contra o fascismo, contra o autoritarismo que se abateu e que o povo conseguiu fazer o caminho

para dele se libertar.

É também esta história, esta tradição e esta vida que ficam em causa com o ataque de hoje e ao qual não

podemos deixar de prestar homenagem, porque ao condenar o ataque que foi feito, este vil ataque contra esta

liberdade que foi construída à custa da História que nos custou tanto, que não poderíamos deixar de mostrar

neste Parlamento a nossa consternação e a nossa indignação.

Aplausos gerais.

A Sr.ª Presidente: — Dou, agora, a palavra, pelo PSD, ao Sr. Deputado António Rodrigues.

O Sr. António Rodrigues (PSD): — Sr.ª Presidente, Srs. Deputados: É com profunda tristeza que a

primeira intervenção do Parlamento português em 2015 tenha de ser sobre estas matérias.

É uma barbárie e a barbárie não tem justificação, não tem qualquer tipo de argumentação, nem pode ter

qualquer tipo de apresentação ou de defesa.

O que aconteceu hoje foi que pessoas — jornalistas, funcionários, polícias —, no exercício das suas

funções, quando hoje de manhã, saíram de suas casas e, porventura, foram pôr os seus filhos na escola ou

passaram por um café e beberam uma bica, quando tentaram ter uma vida normal, daquelas vidas normais em

que todos os dias nós referimos que não acontece nada, hoje aconteceu.

É importante que este tipo de atos seja recordado não só nos dias em que acontecem mas, principalmente,

nos dias em que não acontece este tipo de atitudes, porque não podemos ser complacentes, não podemos

defender qualquer tipo de radicalismo, nem sequer há lugar a justificar qualquer tipo de religião. Não há

religião no mundo que possa defender isto, mas há algo que tem de ser chamado a atenção: este tipo de atos

tem crescido nos últimos anos, tem crescido nos últimos meses e precisamos de os condenar

sistematicamente.

O que aconteceu hoje na redação do jornal aconteceu também há alguns meses quando alguns foram

decapitados, e isso não pode acontecer em nome da Humanidade, não pode acontecer em nome da

liberdade, não pode acontecer em nome seja do que for.

Esperamos que seja a última vez este ano que tenhamos de reproduzir este tipo de intervenção.

Seguramente que todos estamos a favor que isto não volte a acontecer, mas temos todos de estar contra,

para que este tipo de coisas não possam voltar a suceder.

Aplausos gerais.

A Sr.ª Presidente: — Segue-se, pelo PCP, o Sr. Deputado João Oliveira.

Faça favor, Sr. Deputado.