I SÉRIE — NÚMERO 34
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A Sr.ª Helena Pinto (BE): — … Syrisa, esquerda, em português, é o nome, não temos medo de chamar os
partidos pelo nome —, mas também, pelo caminho, de atacar o Bloco de Esquerda.
Mas, Sr. Deputado Vitalino Canas, não falou sobre aquilo que era essencial. E o essencial era o papel da
Chanceler ou Chancelerina Angela Merkel e da Alemanha em relação à pressão e à chantagem que é feita
neste momento sobre o povo grego. Não falou!
Disse também que não se intromete nas eleições gregas e que acha que o Bloco de Esquerda também não
se devia intrometer. Sr. Deputado, de alguma forma fez-me lembrar os tempos em que a bancada do Partido
Socialista — e mesmo o Sr. Deputado, penso — elogiava aqui Hollande como a grande esperança para a
Europa, como a grande luz, como a grande mudança.
Sr. Deputado, o que é perfeitamente normal é que cada um destes partidos se identifique com os mesmos
partidos nos seus respetivos países. Não vale a pena estarmos a esconder atrás de frases feitas, como
«ninguém se intromete» ou «não temos posição sobre as eleições gregas». O Bloco de Esquerda não se
esconde atrás de nada e por isso fui absolutamente clara naquilo que diz respeito ao Syriza. Não vale a pena
escondermos isso.
Vale a pena, sim, falar sobre o essencial. E o essencial é saber como as instituições e o diretório da União
Europeia estão neste momento a olhar para a Grécia e a tratar o povo grego. Essa é que é a questão
essencial, em relação à qual lamento que o Sr. Deputado Vitalino Canas não tenha ido mais longe.
O Sr. Deputado Ribeiro e Castro seguiu o mesmo caminho, se me permite. Há uma nuvem de fumo, falou
de tudo e mais alguma coisa, dos debates internos do Bloco de Esquerda até nem sei onde! Poderemos
discutir isso. Sr. Deputado, como sabe, o Bloco de Esquerda está à vontade para falar dos seus debates
internos; está tão à vontade que o Sr. Deputado os conhece. Não são feitos à porta fechada, pelo que, quando
quiser, discutiremos isso.
O que está aqui agora em causa é uma situação muito concreta e muito particular na Europa, a realização
de eleições num país ainda neste mês de janeiro. Há um país que vai a eleições, onde se perfilam partidos
políticos e alternativas.
Sim, para o Bloco de Esquerda, o Syriza é uma alternativa. E, já agora, Srs. Deputados, o Syriza nunca
defendeu a saída do euro, assim como o Bloco de Esquerda também nunca defendeu a saída do euro —
vamos lá pôr os pontos nos ii! Mas temos uma situação concreta, em que existe uma pressão e uma
chantagem sobre um povo, que é completamente inadmissível, porque a democracia não serve para umas
situações e deixa de servir noutras.
O que se está a fazer sobre o povo grego é chantagem e pressão, Sr. Deputado Ribeiro e Castro, e era
sobre isto que eu gostaria de ouvir uma posição clara e inequívoca em relação ao funcionamento da própria
democracia dentro da Europa, porque não pode ser, nuns dias, «sim» e, noutros dias, ser «assim- assim».
Não, a democracia é todos os dias e é sempre «sim», seja qual for o seu resultado.
Aplausos do BE.
O Sr. Presidente (Guilherme Silva): — Para formular pedidos de esclarecimento, tem a palavra o Sr.
Deputado António Rodrigues.
O Sr. António Rodrigues (PSD): — Sr. Presidente, Sr.ª Deputada Helena Pinto, muito obrigado pelas suas
reflexões relativamente à Grécia.
De facto, concordo consigo, apesar de a sua intervenção me ter deixado frustrado, por ter ficado aquém
daquilo que eu esperava da sua reflexão sobre o que se passa naquele país. Em primeiro lugar, porque a
situação que se passa na Grécia não deriva de nenhuma situação política específica mas, sim, de uma
situação constitucional. É isso que conduz às eleições e não o facto de ter havido algum movimento popular
que tenha provocado eleições ou uma crise política naquele país.
Em segundo lugar, porque tomei consciência de que, afinal, a Sr.ª Deputada gostava era de poder correr
para a Grécia para ir votar, para ver se havia alguma mudança naquele país, que não é líquida, não é clara,
não é direta. E quero ouvi-la pronunciar-se aqui depois de as eleições se terem realizado se, por acaso, o
Syriza não ganhar. E por uma razão: porque os populismos não ganham eleições, a incoerência não ganha
eleições, o deslizar sucessivo não ganha eleições, e é isso que tem acontecido com o Syriza. O Syrisa tem