I SÉRIE — NÚMERO 34
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A Sr.ª Paula Santos (PCP): — A verdade é que muitos utentes não têm médicos de família e não têm
acesso aos cuidados de saúde como deveriam exatamente por esse motivo.
Sr.ª Deputada, não venha com essas teorias, porque a verdade é que o Governo, com a sua atuação, é
responsável por empurrar milhares e milhares de profissionais para fora do País e para fora do Serviço
Nacional de Saúde.
Quanto à situação que vivemos neste momento, os senhores continuam a afirmar que é uma situação
pontual, mas não é, Sr.ª Deputada!
Sabemos que situações como estas acontecem neste período, mas o Governo não se precaveu. O
Governo só tomou essas medidas extraordinárias que referiu, e que são temporárias, porque aconteceu aquilo
que aconteceu no Natal, porque, infelizmente, morreram pessoas nas urgências, o que obrigou o Governo a
tentar mostrar um sinal de que está preocupado e de que está a tentar resolver o problema. Mas hoje as
dificuldades permanecem, continuam no dia-a-dia.
O Sr. Presidente (Guilherme Silva): — Faça favor de terminar, Sr.ª Deputada.
A Sr.ª Paula Santos (PCP): — Sr. Presidente, para terminar, queria dizer que não somos só nós que
consideramos que este problema não tem a ver com o momento do ano em que estamos mas, sim, com as
políticas. Também a Associação Portuguesa de Administradores Hospitalares diz que a situação que se vive
nas urgências não é devido a um aumento da procura, que não há mais doentes nas urgências do que noutros
anos na mesma altura, as equipas é que estão no «fio da navalha» e não é possível haver mais elasticidade.
O Sr. Presidente (Guilherme Silva): — Faça favor de terminar, Sr.ª Deputada.
A Sr.ª Paula Santos (PCP): — Ouça o que dizem, porque são os profissionais que estão, no dia a dia, a
gerir os hospitais que desmentem o Governo, que desmentem o PSD e o CDS e que colocam em cima da
mesa os problemas: a falta de recursos humanos derivada da política deste Governo!
Aplausos do PCP e de Os Verdes.
O Sr. Presidente (Guilherme Silva): — Para uma declaração política, tem a palavra a Sr.ª Deputada
Helena Pinto.
A Sr.ª Helena Pinto (BE): — Sr. Presidente, Sr.as
Deputadas e Srs. Deputados: Vivemos um momento
único na Europa. Após anos de crise económica, onde ficou evidente a ruína de um sistema que muitos diziam
infalível, depois de aplicar uma austeridade como não havia memória, que provocou a profunda crise social
que hoje se vive, vivemos também um momento extraordinário na Europa. Extraordinário, porque a mudança é
possível.
O Sr. Pedro Filipe Soares (BE): — É verdade!
A Sr.ª Helena Pinto (BE): — Neste quadro, temos, de um lado, Angela Merkel, Comissão Europeia, Banco
Central Europeu, FMI e até o Governo português, que entram numa espiral de pressão e de chantagem sobre
o povo grego porque, como tudo indica, a mudança pode ser uma realidade nas próximas eleições, que se
realizarão a 25 de janeiro. Ainda ontem, o Ministro dos Negócios Estrangeiros, Rui Machete, se juntou ao coro
de pressões contra o povo grego.
Do outro lado, está um povo que foi submetido a um brutal programa de empobrecimento, um povo e um
país que vive uma enorme crise humanitária — e sublinho, Sr.as
e Srs. Deputados, crise humanitária.
É inaceitável que os dirigentes europeus queiram interferir nas eleições gregas. As instituições europeias
nunca quiseram ouvir os povos, mas sentem-se no direito de interferir na sua tomada de decisão, através de
eleições livres. Eleições livres não são um slogan para quando convém, eleições livres é o povo a escolher o
seu próprio caminho. A Sr.ª Merkel não vota na Grécia. A Sr.ª Merkel não deve ter voto sobre a Grécia!