I SÉRIE — NÚMERO 36
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O Sr. Presidente (Guilherme Silva): — Para uma segunda intervenção, dispondo de um período de tempo
muito curto, tem a palavra a Sr.ª Deputada Catarina Martins.
A Sr.ª Catarina Martins (BE): — Sr. Presidente, serei muito breve.
Srs. Deputados da maioria, de que é que têm medo?!
Vozes do PSD e do CDS-PP: — Eh lá!
A Sr.ª Catarina Martins (BE): — Nós dizemos: «Somos contra os contratos emprego-inserção e vamos
saber quantos são». Os senhores dizem: «Somos a favor dos contratos emprego-inserção e não queremos
nenhuma auditoria». De que é que têm medo?!
A nossa proposta é conhecida: opusemo-nos no Governo do Partido Socialista como nos opomos agora a
estas políticas que põem pessoas a trabalhar sem salário. Hoje, chegamos aqui com a proposta de uma
auditoria para sabermos o que se passa.
Chumbaram já as nossas propostas para acabar com este tipo de contratos, que são um abuso, são
trabalho escravo, são trabalho forçado, mas hoje o que está em debate é a auditoria, é saber-se qual é a
realidade.
A Sr.ª Maria das Mercês Soares (PSD): — Vão falar com as pessoas! Por que é que não vão falar com as
pessoas?!
A Sr.ª Catarina Martins (BE): — Se os senhores dizem que isto é bom, por que é que não querem a
auditoria?! De que é que têm medo?!
O que os senhores sabem é que o que dizem sobre os contratos-inserção, o que dizem sobre os estágios,
o que dizem sobre as políticas ativas de emprego do Governo não corresponde à verdade.
A resposta que os senhores não têm é por que é que, se uma escola precisa de um trabalhador, esse
trabalhador não tem um contrato de trabalho e é obrigado a trabalhar sem salário.
O Sr. Presidente (Guilherme Silva): — Faça favor de terminar, Sr.ª Deputada.
A Sr.ª Catarina Martins (BE): — A resposta que os senhores não têm é por que é que, se uma autarquia
precisa de um arquiteto, não contrata esse arquiteto, em vez de obrigar um desempregado a estar lá sem
salário.
A resposta que os senhores não querem dar é por que é que, se uma loja de um shopping quer contratar
um trabalhador, não contrata um trabalhador e, em vez disso, põe um estagiário, pago pelo IEFP, para se ir
embora daí a nove meses, sem direito, sequer, a subsídio de desemprego, sempre a rodar, sempre a rodar,
com completo desprezo pelas pessoas.
O que os senhores não dizem é como podemos ter no Estado e nas IPSS…
O Sr. Presidente (Guilherme Silva): — Faça favor de terminar, Sr.ª Deputada.
A Sr.ª Catarina Martins (BE): — … tantas pessoas a trabalhar, oito horas por dia, 40 horas por semana,
sem salário ou abaixo do salário mínimo, sem qualquer direito.
O que os senhores não respondem é como é que as repartições públicas estariam abertas no nosso País,
como é que as escolas, centros de saúde e hospitais podiam funcionar, como é que as IPSS funcionariam,…
O Sr. Presidente (Guilherme Silva): — Sr.ª Deputada, faça favor de terminar, porque já excedeu o tempo
de que dispunha.
A Sr.ª Catarina Martins (BE): — … se essas pessoas não estivessem sujeitas a trabalho forçado.