I SÉRIE — NÚMERO 36
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O Sr. Jorge Machado (PCP): — Sr. Presidente, Srs. Deputados: Os contratos emprego-inserção, os ex-
POC (programas ocupacionais), além de serem uma forma de distorcer as estatísticas do desemprego, são
uma forma de trabalho forçado, significam, literalmente, trabalho escravo no nosso País.
O Sr. David Costa (PCP): — É verdade!
O Sr. Jorge Machado (PCP): — PSD e CDS-PP, depois de facilitarem e tornarem mais baratos os
despedimentos, depois de aumentarem a precariedade, depois de atacarem os direitos e os salários dos
trabalhadores, depois de atacarem a contratação coletiva de trabalho, não satisfeitos, promovem os contratos
emprego-inserção no setor público e privado.
Os contratos emprego-inserção são, na sua grande maioria, de trabalhadores desempregados que são
obrigados a trabalhar sem salário, sem direitos, sem subsídio de férias ou de Natal.
O Sr. David Costa (PCP): — Bem lembrado!
A Sr.ª Rita Rato (PCP): — Exatamente!
O Sr. Jorge Machado (PCP): — Os trabalhadores com contratos emprego-inserção recebem o seu próprio
subsídio, para o qual eles próprios descontaram durante uma vida de trabalho.
A Sr.ª Rita Rato (PCP): — Exatamente!
O Sr. Jorge Machado (PCP): — A utilização dos contratos emprego-inserção, na Administração Pública,
chega a este ponto: o Governo PSD/CDS-PP despede trabalhadores para, ao mesmo tempo, colocar milhares
de trabalhadores a trabalhar de graça para o Estado.
Não há uma única escola no nosso País que não tenha um contrato emprego-inserção para garantir o seu
funcionamento.
A ACT (Autoridade para as Condições de Trabalho) tem contratos emprego-inserção, o que é um
escândalo, uma vergonha!
Até a própria segurança social tem dezenas de contratos emprego-inserção e, ao mesmo tempo, o Ministro
Mota Soares, do CDS-PP, despede 700 trabalhadores da segurança social.
O Sr. David Costa (PCP): — Essa é que é essa!
O Sr. João Oliveira (PCP): — Exatamente!
O Sr. Jorge Machado (PCP): — PSD e CDS-PP dizem, aliás, o CDS já o disse e o PSD irá dizê-lo, que se
trata de medidas de inserção, mas sabem, eles próprios, que os contratos emprego-inserção não inserem
absolutamente ninguém.
Os trabalhadores trabalham de graça durante um ano, gastam o seu subsídio de desemprego para
trabalhar e, depois, voltam para a situação de desemprego, sem qualquer tipo de inserção, sem qualquer
alteração da sua situação de facto.
A Sr.ª Rita Rato (PCP): — Uma vergonha!
O Sr. Jorge Machado (PCP): — Portanto, PSD e CDS-PP sabem muito bem que estes contratos emprego-
inserção não inserem absolutamente ninguém, são, sim, uma forma de trabalho forçado.
Vamos, então, às soluções que são aqui propostas nestes projetos de resolução pelo Partido Socialista e
pelo Bloco de Esquerda, uma vez que o PSD e o CDS-PP vivem bem com esta vergonha nacional de ter
pessoas a trabalhar de graça para o Estado. Deveriam ter vergonha — qualquer Governo decente teria
vergonha de ter trabalho gratuito e forçado no Estado —,…