23 DE JANEIRO DE 2015
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O Deputado do PS, António Cardoso.
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Relativa aos projetos de resolução n.os
1218/XII (4.ª) e 1219/XII (4.ª):
Durante a campanha eleitoral para as eleições legislativas de 2011 os candidatos do PSD e do CDS
visitavam os Estaleiros Navais de Viana do Castelo (ENVC), reuniram com a Comissão de Trabalhadores e
com o Conselho de Administração e afirmaram o compromisso de recuperar e manter em funcionamento os
ENVC.
Vencidas as eleições e formado o governo de coligação PSD-CDS/PP, o nomeado Ministro da Defesa
Aguiar Branco quase de imediato tomou e anunciou a decisão de liquidar aquela empresa e «ver-se livre» dos
ENVC.
Não foi feito qualquer esforço ou tentativa de, pelo menos, estudar e experimentar qualquer cenário de
recuperação e manutenção da atividade da construção naval naquele Estaleiro.
Desprezaram 70 anos de história, de conhecimento, de experiência, de saber fazer no setor da construção
naval desenvolvidos na empresa.
Não valorizaram a importância do cluster da construção naval na estratégia nacional e no fortalecimento da
economia do mar.
Optaram por gastar entre 250 a 300 milhões de euros para desativar e liquidar, ao longo de três anos, os
ENVC.
Usaram, sem verdadeiro fundamento, como justificação para o encerramento da empresa o argumento da
obrigação de «devolver 180 milhões de euros» à Comissão Europeia em consequência de um procedimento
aberto contra Portugal por supostas ajudas de Estado dos ENVC sobre o qual não se conhece qualquer
decisão final da EU.
Gastaram cerca de 30 milhões de euros para «comprar» o afastamento de perto de 600 trabalhadores.
Patrocinaram o vergonhoso negócio da venda por pouco mais de 8 milhões de euros do navio Atlântida,
cujo custo rondou os 40 milhões.
Depois de três anos a concretizar uma estratégia deliberada de enfraquecimento e de desmantelamento da
empresa, em maio de 2014, o Governo PSD-CDS/PP concretizou a obsessão de liquidar os ENVC e
subconcessionar a privados terrenos, instalações e equipamentos da organização.
Na defesa do interesse nacional e da Região do Alto Minho, o Grupo Parlamentar do Partido Socialista e os
Deputados signatários em particular, ao longo de três anos, por todos os meios de intervenção política e
instrumentos de debate parlamentar, discordaram, criticaram e combateram essa decisão e condenaram o
desmantelamento dos Estaleiros Navais de Viana do Castelo.
São, portanto, inequívocas as nossas críticas a este processo e a discordâncias desta decisão que foi
tomada pelo atual Governo de encerrar os ENVC.
Coisa diferente, porque os consideramos extemporâneos e inconsequentes, são os projetos de resolução
apresentados pelo PCP e por Os Verdes sobre este assunto e agora votados na reunião plenária de 22 de
janeiro de 2015.
Os partidos proponentes destas recomendações sabem bem que, neste momento, e na fase em que se
encontra este processo, as medidas que agora propõe estão fora de tempo, são irrealistas e demagógicas.
Por essas razões, norteados pelo bom senso e sentido de responsabilidade política que este assunto
exige, os Deputados signatários e todo o restante Grupo Parlamentar do Partido Socialista votaram contra os
seguintes diplomas:
— projeto de resolução n.º 1218/XII (3.ª) — Recomenda ao Governo a reversão do processo de
subconcessão dos Estaleiros Navais de Viana do Castelo e a sua reintegração no setor empresarial do Estado
bem como a defesa dos postos de trabalho (PCP).
— projeto de resolução n.º 1219/XII (3.ª) — Regresso dos Estaleiros Navais de Viana do Castelo ao setor
público (Os Verdes).
Os Deputados do PS, Jorge Fão — Sandra Pontedeira.