6 DE FEVEREIRO DE 2015
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Neste contexto, além da importância que estes cuidados representam ao nível do acesso aos cuidados de
saúde por parte dos cidadãos, o reforço nos cuidados de saúde primários contribuirá, também, para evitar a
repetição da vergonha a que o País hoje assiste, por culpa e só da responsabilidade do atual Governo.
Aliás, o número de iniciativas legislativas sobre o reforço dos serviços de saúde primários, que os vários
grupos parlamentares da oposição trouxeram hoje para discussão, são a evidência premente dessa
necessidade.
Portanto, conscientes desta necessidade e considerando que a Assembleia da República não pode fingir
que não se passa nada, não pode fingir que está tudo bem no que diz respeito ao acesso aos cuidados de
saúde por parte dos cidadãos, Os Verdes apresentam a sua iniciativa legislativa no sentido de recomendar ao
Governo que reforce os cuidados de saúde primários.
Vamos agora esperar que os partidos da maioria, das duas uma: ou reconheçam, de facto, esta
necessidade ou, então, que continuem a dizer que está tudo muito bem, que está tudo em ordem e que não há
problema nenhum. Apenas lembro os Srs. Deputados dos partidos da maioria que enquanto os Srs.
Deputados dizem que está tudo bem há pessoas que vão morrendo enquanto esperam para serem atendidas.
A Sr.ª Presidente (Teresa Caeiro): — Tem a palavra, para uma intervenção, o Sr. Deputado Paulo
Almeida.
O Sr. Paulo Almeida (CDS-PP): — Sr.ª Presidente, Sr.as
e Srs. Deputados: O CDS sempre se preocupou
com os cuidados de saúde primários, tema da área da saúde que sempre considerou muito importante e que
está hoje aqui em discussão, com estas iniciativas. Entendemos que estes cuidados são, sem dúvida, a porta
de entrada para o Serviço Nacional de Saúde.
Aplausos do CDS-PP e do PSD.
A Sr.ª Maria Antónia Almeida Santos (PS): — Eram!
O Sr. Paulo Almeida (CDS-PP): — Nós fazemos uso de uma memória não seletiva, ou seja, diferente da
aqui usada, especialmente pelas Sr.as
e Srs. Deputados do Partido Socialista. Por isso, facilmente
constatamos que a falta de médicos de família é fruto de anos de mau planeamento e má gestão de recursos
humanos na área da saúde e que não são de agora as preocupações e ansiedades das populações,
agravadas, naturalmente, nos concelhos mais distantes, com população mais idosa e com piores
acessibilidades.
Sabemos bem que a Medicina Geral e Familiar é uma das especialidades médicas onde existe maior
carência de recursos humanos, onde é preciso atuar e, por isso, reconhecemos que o Governo tem feito
esforços e tomado medidas muito concretas para que cada vez mais cidadãos tenham acesso a um médico de
família.
Não vale a pena dizerem o contrário, Sr.as
e Srs. Deputados. A vossa retórica, redundante, usada aqui
desde o primeiro dia em que este Governo tomou posse é por este contrariada lá fora, pois os factos
desmentem, diariamente, os vossos argumentos.
Não vale a pena, por isso, continuarem a acusar o Governo de «desinvestimento» — palavra tão cara para
vós — nos cuidados de saúde primários e em saúde pública quando, nos últimos três anos, foram investidos
mais de 13 milhões de euros.
Não vale a pena gritar pela «não atribuição de médicos aos utentes» quando nos últimos dois anos temos
mais 343 000 portugueses com médico de família e houve um aumento do número de utentes por médico de
família — mais 617 000 utentes/ano.
Aplausos do CDS-PP e do PSD.
Não vale a pena acusar o Governo de não abrir USF (unidades de saúde familiar) ou de não passar USF
de modelo A para modelo B, quando, desde 2011, se abriram 82 novas unidades de cuidados na comunidade