6 DE FEVEREIRO DE 2015
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ao meio escolar, à comunidade educativa e às possibilidades e potencialidades destes alunos e alunas, para
além de uma outra série de dificuldades adicionais que aqui se colocam.
Entendemos — e creio que há consenso acerca disso — que a Portaria deve ser superada, deve ser posta
para trás, não podemos continuar com esta existência, porque, se a pretexto do aumento e do alargamento da
escolaridade obrigatória se criam condições de discriminação e não se favorece a inclusão, o alargamento da
escolaridade obrigatória é ele próprio dual, é ele próprio contra uma parte dos alunos do nosso sistema
educativo, quando devia ser a favor da inclusão de todos.
O Bloco de Esquerda aproveita este momento, que é um momento raro no Plenário da Assembleia da
República de apresentar iniciativas sobre a educação especial, para apresentar um projeto de resolução mais
vasto do que a revisão desta Portaria, que não interessa, que está ultrapassada e superada, no sentido de
pedir o apoio da generalidade das bancadas àquelas que foram as recomendações do Conselho Nacional da
Educação sobre educação especial, nomeadamente a revisão da restante legislação que hoje enquadra todos
os aspetos pedagógicos, organizativos, de gestão, acerca da educação especial, porquanto manifestam, em
muitas circunstâncias, deficiências básicas.
Quer o Decreto-Lei n.º 3/2008, quer outros diplomas, têm vindo a sofrer um conjunto de alterações que
deveríamos olhar com olhos de ver e promover a inclusão, porque aquilo que desconfiamos que esteja ou
possa estar na forja do Ministério da Educação e que vem no desenlace do grupo de trabalho do Ministério da
Educação não é mais inclusão, é mais discriminação. Esperemos que não!
Aplausos do BE.
A Sr.ª Presidente (Teresa Caeiro): — Para uma intervenção, tem a palavra a Sr.ª Deputada Diana Ferreira.
A Sr.ª Diana Ferreira (PCP): — Sr.ª Presidente, Srs. Deputados: Em nome do PCP saúdo a Plataforma-
Associações de Pais pela Inclusão, aqui presente, dinamizadora desta petição, e todos os subscritores,
valorizando as corajosas lutas que pais, professores, profissionais, comunidades educativas têm travado pela
revogação de uma portaria injusta e discriminatória de milhares de crianças e jovens e na defesa da escola
pública inclusiva e para todos.
Sr.ª Presidente, Srs. Deputados: Ao alargamento da escolaridade obrigatória, o Governo PSD/CDS
respondeu com a Portaria n.º 275-A/2012, impondo aos alunos com necessidades especiais uma matriz
curricular de 25 horas letivas, das quais 20 são passadas em instituições de ensino especial e apenas 5 na
escola pública. Os impactos da sua aplicação foram imediatos e discriminatórios.
Logo em dezembro de 2013, o PCP propôs a revogação desta Portaria e, à data, PS, PSD e CDS
rejeitaram esta proposta, afirmando que o Governo iria resolver o problema. Até hoje, nada!
A manutenção desta Portaria significou prejuízos profundos, alguns irrecuperáveis, para centenas de
jovens, mas foi uma peça-chave para cortar na escola pública. Desde 2011, mais de 50 milhões de euros
foram cortados só na educação especial, com consequências na diminuição, em número e qualidade, dos
apoios assegurados.
Para o PCP, o alargamento da escolaridade obrigatória não pode significar a exclusão e a desvalorização
da qualidade pedagógica e do percurso inclusivo destes jovens. Este diploma é um retrocesso na garantia da
igualdade e dos direitos destes jovens.
O Sr. António Filipe (PCP): — Muito bem!
A Sr.ª Diana Ferreira (PCP): — Sr.ª Presidente, Srs. Deputados: É a escola que se deve adaptar à
diversidade e às necessidades dos seus alunos, não os segregando, mas, sim, criando as necessárias
condições para a existência de um ambiente inclusivo para todos. Tal impõe uma reforma profunda no sistema
educativo e medidas que garantam todos os meios à sua concretização, o que tem sido contrário às opções de
sucessivos Governos do PS, do PSD e do CDS, que passam por um crescente desinvestimento na escola
pública.
Com esta Portaria, a redução do número de professores de educação especial, a não contratação dos
técnicos e outros profissionais necessários, o incumprimento do número de alunos por turma (colocando 3, 4 e