12 DE FEVEREIRO DE 2015
19
osso no que toca à oferta pública e a este direito fundamental, que é o direito dos cidadãos e das cidadãs à
mobilidade.
Aplausos do BE.
A Sr.ª Presidente: — Tem a palavra o Sr. Deputado Jorge Machado.
O Sr. Jorge Machado (PCP): — Sr.ª Presidente, Sr. Secretário de Estado, a STCP — Sociedade de
Transportes Coletivos do Porto — e a Metro do Porto são duas empresas fundamentais para a mobilidade das
populações do distrito do Porto. São empresas construídas com o dinheiro público, com o dinheiro de todos
nós, investimento que nenhum privado esteve disponível para fazer. Agora, que o investimento está realizado
e que a dívida até está assumida na dívida pública nacional, o Governo pretende privatizar os lucros da STCP
e da Metro. Mas não é só. E, ao contrário do que foi dito por parte da bancada do PSD e pelo Sr. Secretário de
Estado, à dívida que estas empresas emitiram por causa da construção das respetivas linhas, soma-se uma
nova dívida. É que o Governo, além de integrar os lucros destas empresas, pretende criar uma autêntica e
milionária PPP. São rendas garantidas para as empresas que vão ficar com a STCP e a Metro. Aos lucros da
bilheteira somam-se os lucros do investimento, do financiamento por parte do Estado.
Portanto, Sr. Secretário de Estado, toda aquela conversa de que é preciso acabar com o endividamento do
Estado, não haver transferências do Orçamento do Estado para estas empresas é mentira, e sabe muito bem
que é mentira, porque o Governo vai garantir rendas milionárias às empresas privadas que vão ficar com os
transportes. Portanto, trata-se de um processo inaceitável, de um crime económico para o País.
Mas, mais: a STCP e a Metro do Porto foram construídas numa lógica de serviço público. A entrega ao
setor privado implica que a lógica seja o lucro, exclusivamente o lucro e, portanto, a somar ao crime
económico temos o crime social.
O Sr. Secretário de Estado sabe que as pessoas fazem muito bem a diferença entre aquilo que e público e
aquilo que é privado e qual e o verdadeiro serviço publico. É que os privados têm a lógica do lucro, e isso tem
implicações no serviço público. Vou dar-lhe casos concretos: em relação a linhas já concessionadas no distrito
do Porto que vieram da STCP e foram entregues a privados — as carreiras 54, 55, 64 e 94 —, a consequência
de concessão a privados foi a redução de frequência e a redução do horário de transporte, tendo deixado de
ser assegurado o transporte do início da manhã e a partir das 19 horas e tendo o preço praticado disparado.
Por exemplo, na carreira 9, o preço por quilómetro é superior em 23% àquele que era a média da STCP.
Portanto, há uma grande diferença entre o serviço público prestado por empresas públicas e aquilo que diz ser
um preço de um serviço público prestado por privados, porque esses têm a lógica do lucro e, nesse sentido, o
PCP é contra a privatização destas empresas.
Deixo duas perguntas finais.
Em primeiro lugar, a EMEF, recentemente, baixou o preço em 1,7 mil milhões de euros no concurso para a
manutenção da Metro do Porto. Como é que justifica, do ponto de vista da defesa do interesse público, esse
«descontinho» de 1,7 mil milhões de euros que, segundo notícias, partiu do Sr. Secretário de Estado?
A segunda pergunta tem a ver com o facto caricato de a entidade pública que gere a Metro do Porto não
poder ser pública. Mas só se for portuguesa; se for uma entidade pública espanhola, então já pode concorrer e
ficar com a concessão da Metro do Porto. Como é que explica este facto, Sr. Secretário de Estado?
Aplausos do PCP.
A Sr.ª Presidente: — Para responder, tem a palavra o Sr. Secretário de Estado das Infraestruturas,
Transportes e Comunicações.
O Sr. Secretário de Estado das Infraestruturas, Transportes e Comunicações: — Sr.ª Presidente, Sr.as
e Srs. Deputados, sobre a EMEF, o meu gabinete já teve ocasião de dar resposta às questões solicitadas. Eu
não dei — e assumi-o publicamente na altura, no Parlamento, na Comissão de Economia e Obras Públicas —
nem no início, nem no meio, nem no final do processo, nenhuma orientação à EMEF nem sobre a sua
estratégia de se juntar a um outro fornecedor de serviços de manutenção ou ir sozinho, muito menos quanto à