I SÉRIE — NÚMERO 50
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Aquilo que foi feito por este Governo ao longo destes três anos foi uma verdadeira reforma da
administração local.
Entretanto, assumiu a presidência o Vice-Presidente Guilherme Silva.
O Sr. Presidente: — Faça favor de terminar, Sr. Deputado.
O Sr. Altino Bessa (CDS-PP): — Aquilo que fizemos foi uma série de acordos celebrados em 2012, 2013 e
2014 entre o Governo e a Associação Nacional de Municípios sobre diversos temas: o PAEL (Programa de
Apoio à Economia Local), a Lei dos Compromissos e Pagamentos em Atraso, o IMI, o QREN.
O Sr. Presidente: — Faça favor de terminar, Sr. Deputado.
O Sr. Altino Bessa (CDS-PP): — Houve sempre, sempre, sempre diálogo.
Por isso, pergunto, Sr. Ministro: é verdade ou não que hoje o poder local está melhor do que há três anos?
É verdade ou não que o poder local merece esta confiança da administração central, de delegar, de fazer
estes contratos interadministrativos?
Nós confiamos na competência que o poder local pode ter numa proximidade com as populações, ao
contrário, infelizmente, de outros partidos que muito apelam à autonomia e à dignificação do poder local.
Aplausos do CDS-PP e do PSD.
O Sr. Presidente (Guilherme Silva): — Para pedir esclarecimentos, tem a palavra a Sr.ª Deputada Diana
Ferreira.
A Sr.ª Diana Ferreira (PCP): — Sr. Presidente, Sr. Ministro, longe de estarmos perante uma qualquer
descentralização, o que se discute hoje é a desresponsabilização do Governo perante um vasto conjunto de
direitos fundamentais e constitucionais.
Quem quer descentralizar não encerra escolas, não cria mega-agrupamentos nem superescolas,
centralizando professores e funcionários, amontoando alunos do pré-escolar, do básico e do secundário num
mesmo espaço, nem encerra direções regionais de educação.
A Sr.ª Rita Rato (PCP): — Exatamente!
A Sr.ª Diana Ferreira (PCP): — Quem quer descentralizar não transfere para outros a responsabilidade de
resolver a falta de funcionários, professores e técnicos de educação especial nas escolas.
Quem quer descentralizar paga. Paga a totalidade dos manuais escolares aos alunos do escalão A e não
se nega a pagar as visitas de estudo e outras atividades a estes mesmos alunos.
É assim que o Governo procura responder às necessidades da escola pública, Sr. Ministro?
Suponhamos, então, que assim seja. Como é que o Governo justifica que este processo de transferência
de competências na área da educação preveja, como foi designado, «incentivos à eficiência», significando
que, caso as autarquias reduzam ainda mais determinadas despesas na área da educação, recebam 50% da
verba que não gastaram e o Ministério da Educação os outros 50%?
Isto é, no mínimo, inaceitável! Inaceitáveis e vergonhosas são as medidas desta natureza, num quadro de
sucessivos cortes orçamentais na escola pública.
O passado demonstra que a contratualização de competências com as autarquias constitui mais um ataque
à escola pública e o favorecimento da privatização, como se verifica nas AEC (Atividades de Enriquecimento
Curricular) ou no fornecimento de refeições escolares.
A Sr.ª Rita Rato (PCP): — Exatamente!