I SÉRIE — NÚMERO 51
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O Sr. Ministro dizia, há pouco, que não foi um ano muito feliz para as exportações mas foi o melhor de
sempre. Foram 3%, já disse há pouco, um dos piores dos últimos 20 anos.
Temos obrigação de apostar no investimento e sobre esta matéria — já o dissemos dali, da tribuna —
queríamos um consenso, para lá da esquerda e para lá da direita, um consenso patriótico, e é esse o desafio
que lançamos ao Governo, que lançamos ao PSD e ao CDS: deixem-se de 2011, vamos falar de 2015 e do
futuro do País.
Aplausos do PS.
A Sr.ª Presidente: — A próxima intervenção é do CDS-PP.
Tem a palavra a Sr.ª Deputada Cecília Meireles.
A Sr.ª Cecília Meireles (CDS-PP): — Sr.ª Presidente, Srs. Membros do Governo, Sr.as
e Srs. Deputados, o
debate ainda não dura há muito tempo e já tivemos dois PS, pelo mesmo orador: tivemos este PS, mais
recente, que eu diria que é o PS do mea culpa — embora eu o tenha interpretado de uma forma um tanto
irónica, porque penso que não terá sido um mea culpa sincero —, e tivemos o PS inicial, que foi o PS que,
confesso, me deixou mais perplexa, porque é um PS que, curiosamente, se iniciou em 2011 (não sabemos por
onde terá andado antes de 2011) e que veio aqui, do alto daquela tribuna, através das palavras do Sr.
Deputado Pedro Nuno Santos, do alto da autoridade de quem faliu o País mas que não tem nada a ver com
isso (embora eu veja aí sentadas nas bancadas várias pessoas que estavam no Governo que levou Portugal à
bancarrota e que faliu o País), veio dar lições de autoridade sobre como este Governo deveria proceder.
Aplausos do PSD e do CDS-PP.
E, não contente com isso, veio também dar algumas lições de sapiência sobre como se deveria crescer
economicamente, esquecendo que durante os anos que levaram a isto e que levaram à enorme recessão que
tivemos, muitos dos senhores já estavam nessas bancadas a dar também conselhos. Quatro anos volvidos,
ainda não pararam para pensar que, se calhar, alguma coisinha estará mal nas vossas teorias porque, se elas
funcionassem, Portugal seria hoje o país mais próspero da Europa e, infelizmente, não é.
A Sr.ª Sónia Fertuzinhos (PS): — Não têm capacidade para fazer melhor. É uma pena!
O Sr. João Oliveira (PCP): — Vá lá, já não é por causa das previsões do Borda d’Água!
A Sr.ª Cecília Meireles (CDS-PP): — Quanto a este recente PS que caiu aqui, vindo de uma nave espacial,
em 2011 e que se desconhece onde esteve antes dessa data — o que não deixa de ser estranho, porque
muitos dos senhores são os mesmos, não é assim? —, estamos conversados.
Vamos agora ao PS do mea culpa e das propostas, que parece que reconhece que um país e o seu
crescimento económico não se faz de um dia para o outro. Se o PS quer colaborar nesta nova página que
Portugal está a viver, acho que é bem-vindo. Só tenho pena que o PS não tenha tido disponibilidade para
consensos mais cedo.
É que, por exemplo, mesmo aqueles consensos que fez e que podem fazer muito pelo investimento e pelo
emprego, como o consenso para a revisão do IRC, o PS decidiu rasgá-los ainda a Legislatura não estava
acabada. Só tenho pena que não tenham a coragem de manter os vossos consensos e a vossa palavra.
Vozes do CDS-PP: — Muito bem!
A Sr.ª Cecília Meireles (CDS-PP): — Mas não deixa de ser estranho que um PS que diz que quer ter
propostas para o crescimento económico, e ainda bem, não seja, por exemplo, capaz de reconhecer que não
estamos em estagnação, estamos em crescimento. Naturalmente que gostaríamos que fosse maior. Por
exemplo, o crescimento do quarto trimestre do ano passado foi maior do que a média da União Europeia e
gostaríamos que fosse ainda maior, mas é difícil partirmos para um consenso quando os senhores continuam