27 DE FEVEREIRO DE 2015
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Como é sabido, no ano letivo em curso, o financiamento destas instituições foi marcado por atrasos no
pagamento dos valores contratualizados, atrasos estes que causaram constrangimentos e instabilidade na sua
gestão e no seu normal funcionamento, situação que lamentamos.
Ao que sabemos, os casos detetados estão praticamente todos solucionados neste momento, sendo
importante realçar o facto de o Ministério de Educação e Ciência ter, desde o primeiro momento, efetuado as
diligências necessárias no sentido de resolver todas as situações problemáticas no mais curto espaço de
tempo possível. Com efeito, as verbas têm vindo a chegar às escolas em causa, repondo a normalidade
necessária ao seu funcionamento.
Sublinhamos, assim, o solucionar deste problema, mas consideramos ser este o momento de preparar o
lançamento do próximo ano letivo, de modo a evitar que se repitam situações de atraso nos pagamentos
efetuados pelo Estado relativamente aos valores acordados com as escolas do ensino artístico especializado.
Mais: entendemos, ainda, que todas as escolas do ensino particular e cooperativo que contratualizaram a
prestação do serviço público de educação devem receber as comparticipações devidas em tempo útil, para
que possam levar a cabo a sua missão sem qualquer tipo de limitação a esse respeito.
Precisamente porque esta situação nos preocupa, e porque entendemos que não é desejável que as
escolas vivam momentos de incerteza financeira que possam pôr em causa o seu funcionamento, fizemos dar
entrada na Mesa, conjuntamente com o nosso parceiro de coligação, um projeto de resolução, que será
discutido em sede de comissão, no qual se recomenda ao Governo a criação de mecanismos que assegurem
o pagamento atempado das verbas relativas aos contratos para a prestação de serviço público de educação
às escolas do ensino particular e cooperativo.
Com esta iniciativa, pretendemos contribuir para que se ultrapassem, de vez, os constrangimentos que se
verificaram, garantindo que o número significativo de alunos dos ensinos básico e secundário que frequentam
este tipo de ensino em escolas privadas estejam na mesma situação dos que o frequentariam em escolas
públicas.
Aplausos do PSD e do CDS-PP.
O Sr. Presidente (António Filipe): — Para uma intervenção, tem a palavra a Sr.ª Deputada Inês Teotónio
Pereira.
A Sr.ª Inês Teotónio Pereira (CDS-PP): — Sr. Presidente, Srs. Deputados: Quero igualmente
cumprimentar os professores e os representantes das escolas artísticas aqui presentes.
É hoje consensual que os modelos de vias de ensino centralizados não servem os interesses dos alunos e
já estão ultrapassados. E, como cada aluno tem as suas necessidades próprias e as suas ambições próprias,
a única forma de garantir e preparar para o futuro cada um destes alunos é garantir a diversidade dentro do
sistema público de educação, incluindo várias vias de ensino, incluindo instituições privadas e públicas.
No entanto, apesar de este ser um entendimento que vai muito para além do CDS, pois todos os Governos
que nos antecederam contribuíram, de alguma forma, para esta diversidade, também é verdade que todos os
Governos se mostraram incapazes de valorizar as vias de ensino, como o ensino artístico especializado ou o
profissional, tanto quanto são valorizadas as chamadas «vias de cursos científico-humanísticos».
O sistema continua demasiado padronizado e, mesmo dentro destas vias, não existe um entendimento que
respeite a sua própria diferença.
É por ainda não termos conseguido ultrapassar definitivamente esta deficiência crónica que nos vamos
deparando, com alguma regularidade, com problemas nos modelos de financiamento e nos recursos
disponibilizados a estas escolas.
Hoje, centramos o debate numa dessas vias: o ensino artístico especializado, que é assegurado pelos
conservatórios nacionais e por várias academias espalhadas pelo País.
Há duas dimensões do que hoje está em discussão. A primeira é a resolução imediata das situações
relativas ao atual ano letivo e que naturalmente nos preocupam. Sabemos que houve escolas e professores
que passaram por enormes dificuldades para prestar o serviço educativo e fizeram-no muitas vezes em
sacrifício pessoal. Reconhecer a dedicação desse professores e diretores não é apenas justo, mas necessário.