I SÉRIE — NÚMERO 55
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política de promiscuidade e de subordinação do poder político ao poder económico, da cumplicidade, da
passividade, da impotência de reguladores, supervisores e auditores e do poder político.
O desmoronamento do império económico e financeiro Espírito Santo não representa, assim, apenas o ruir
de um poderoso grupo económico, financeiro e a decadência de uma dinastia de oligarcas, representa,
sobretudo, a descredibilização total da política de recuperação capitalista e monopolista promovida nas últimas
décadas por sucessivos governos da direita.
A necessidade de controlar o sistema bancário e de conter os riscos sistémicos para a economia, de
assegurar uma efetiva regulação, supervisão e fiscalização da banca, de travar a especulação financeira e de
canalizar as poupanças e recursos financeiros para o investimento na produção nacional, de defender a
soberania e de impulsionar o crescimento económico exige, agora mais do que nunca, que os bancos sejam
colocados sob controlo público, tal como o PCP vem defendendo.
Aplausos do PCP.
O Sr. Presidente (António Filipe): — Para uma intervenção, tem a palavra a Sr.ª Deputada Ana Paula
Vitorino.
A Sr.ª Ana Paula Vitorino (PS): — Sr. Presidente, Sr.as
e Srs. Deputados: Gostaria, em primeiro lugar, de,
em nome do Grupo Parlamentar do Partido Socialista, cumprimentar os peticionários representantes dos
pequenos investidores e acionistas do Banco Espírito Santo.
De facto, os milhares de portugueses que aplicaram as suas poupanças naquele que era apresentado até
há pouco menos de um ano como o mais sólido banco privado português — aliás, foi o único, entre os grandes
bancos, que não precisou de recorrer à linha de recapitalização da troica — não podem deixar de merecer o
respeito e a compreensão do Parlamento.
A crise dos últimos anos tem na origem uma desregulação selvagem dos mercados financeiros que afetou,
e, infelizmente, ainda afeta, a estabilidade e a credibilidade de bancos importantes dos Estados Unidos, como
o Lehman Brothers — onde, aliás, tudo começou —, mas também do Reino Unido, da Irlanda, da Holanda e
da Bélgica.
Em Portugal, soma-se a este efeito da irracionalidade dos mercados — aliás, tão adorada pela nossa
direita, que é fundamentalista na defesa da liberdade dos capitais e, infelizmente, da austeridade para os
cidadãos! — a prática de graves atos de má gestão cuja responsabilidade financeira e criminal, como
sabemos, está a ser apreciada por uma comissão parlamentar de inquérito e terá necessariamente de ser
apreciada pelos tribunais, em tempo útil. Aliás, também os tribunais são responsáveis perante os portugueses
pelo tempo que demoram e pela forma como aplicam a justiça.
Mas há também quem por aquilo que sabia e por aquilo que disse tenha igualmente responsabilidade pela
ilusão que foi criada até ao último aumento de capital do BES, dizendo que o BES era, de facto, uma
instituição sólida e que, a haver problemas, seria no GES.
Por isso, o PS não deixará de apurar as responsabilidades do Governador do Banco de Portugal, que,
sabendo das irregularidades graves no BES desde, pelo menos, setembro de 2013, deixou degradar a
situação até ao colapso final, em agosto de 2014.
Não deixaremos também de apurar as responsabilidades políticas do Sr. Primeiro-Ministro e da Ministra
das Finanças pela rejeição da recapitalização pública recorrendo a fundos da troica e pela opção pela medida
de resolução, criando o Novo Banco, 100% público, detido pelo Fundo de Resolução, que é gerido pelo
Governo e pelo Banco de Portugal e onde os contribuintes assumiram um risco de 3900 milhões de euros.
Estamos solidários com os pequenos investidores que acorreram ao último aumento de capital, em
maio/junho de 2014, motivados pelas declarações de confiança no BES, quer do Presidente da República,
quer do Primeiro-Ministro, quer do Governador do Banco de Portugal.
O pequeno acionista não tem, nem tem de ter, o mesmo nível de informação que um acionista com uma
participação qualificada, como é o caso do Goldman Sachs, e é uma ligeireza colocar todos no mesmo saco,
como, aliás, já reconheceu o Presidente da CMVM.