28 DE FEVEREIRO DE 2015
41
Para obstar a esta situação, seria importante, na nossa opinião, a criação de uma norma que suspenda a
execução fiscal de dívidas de IMI oriundas de habitação própria e permanente quando o executado estiver na
situação de desemprego que, de resto, não é novo no nosso ordenamento jurídico, estando prevista a
suspensão da execução fiscal de dívidas quando o executado é trabalhador com retribuições em mora, no
artigo 26.º da Lei 105/2009, de 14 de setembro.
De resto, uma medida deste tipo não teria impacto orçamental, porquanto se trataria apenas de uma
suspensão e não de qualquer perdão, sendo duvidoso que estes créditos tributários sejam satisfeitos em sede
de graduação em caso de prossecução da cobrança coerciva.
Os Deputados do PSD, Pedro Roque — Maria das Mercês Soares.
———
Relativa ao projeto de resolução n.º 1275/XII (4.ª):
Relativamente ao projeto de resolução n.º 1275/XII (4.ª) — Recomenda ao Governo a revisão da atual
aplicação e dos pressupostos da Prova de Avaliação de Conhecimentos e Capacidades, o PCP absteve-se na
sua votação.
A Prova de Avaliação de Conhecimentos e Capacidades (PACC) foi criada pelo PS e implementada por
PSD/CDS. O PCP considera que a criação e implementação da PACC não estão desligadas de uma opção
política mais geral de desmantelamento da escola pública, de desvalorização da profissão docente e da sua
carreira, da diminuição do número de turmas para reduzir o número de professores — mesmo criando turmas
cujo número de alunos dificulta tremendamente o processo de ensino-aprendizagem e impede o
acompanhamento individualizado — e de permanente recurso ilegal à precariedade para suprir necessidades
permanentes das escolas, bem como de generalização da instabilidade profissional, familiar e pessoal na vida
de milhares de famílias.
A imposição desta prova e a sua aplicação representa uma humilhação dos professores contratados —
muitos com dezenas de anos de serviço. Significa o desrespeito por todo o ciclo de formação superior inicial
(que contempla formação científica, técnica e pedagógica), o desprezo pela profissionalização e a experiência
de trabalho concreta destes professores nas escolas, assim se considerando irrelevante todo o seu percurso
académico e profissional. Esta prova coloca ainda em causa a competência das instituições de ensino superior
responsáveis pela lecionação e avaliação científica na formação inicial de professores.
O PCP reafirma a sua total oposição a qualquer prova de acesso à carreira, tendo apresentado na
Assembleia da República um conjunto de iniciativas de revogação da PACC, bem como de garantia de que
nenhum professor estaria impedido de ser opositor a concurso por não ter realizado a prova.
O PCP defende e tem sempre apresentado aquela que é a solução viável e justa para a situação dos
professores contratados: a abertura de vagas a concurso através de lista nacional ordenada por graduação
profissional, em função de todas as necessidades manifestadas pelas escolas para horários completos que se
verifiquem durante três anos consecutivos.
A abstenção do PCP relativamente a este projeto de resolução prende-se com o facto de o mesmo não
revogar a referida Prova, prevendo simplesmente a suspensão da aplicação da PACC, que embora resolva o
problema imediato, não resolve a profunda injustiça que esta prova representa para os professores
contratados. Acresce a criação de um grupo de trabalho no ponto 2 deste projeto de resolução, o que, no
fundo, adia a resolução de um problema que, para o PCP, não oferece qualquer dúvida sobre como deve ser
solucionado: revogação da PACC.
O PCP continuará a intervir sobre esta matéria, rejeitando a injustiça que esta prova significa para os
professores e rejeitando o desmantelamento da escola pública que esta prova preconiza.
As Deputadas do PCP, Diana Ferreira — Rita Rato.
———