I SÉRIE — NÚMERO 57
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reduzindo, por exemplo, e penso que todos concordamos com isto, conselhos de administração e chefias — e
alocou estas poupanças como muito importantes fatores de coesão social.
Importa também realçar a questão da sustentabilidade financeira, porque esta é uma matéria muito
importante.
Lembremos o que já dizia o PET (Plano Estratégico dos Transportes), em Outubro de 2011: «Ao longo dos
últimos 10 anos, os níveis de endividamento das empresas do setor empresarial do Estado na área dos
transportes públicos terrestres e da infraestrutura ferroviária triplicaram, atingindo em 2010 um montante de 16
700 milhões de euros». E dizia mais: dizia que se não fossem introduzidas reformas até 2015 — o ano em que
nos encontramos —, chegaríamos a 23 000 milhões de euros. Sabemos que isto não se cumpriu, não se
verificou, e sabemos que a forma como o Governo tem gerido este problema financeiro tem permitido que
possamos ter uma política diferenciadora e que possa levar a todos os portugueses aquilo que, neste
momento, era apenas para alguns.
Mas também importa destacar o alcance político desta proposta de lei e a questão da descentralização,
porque não importa só falar de descentralização, é preciso ter a coragem de efetuar essa descentralização.
Com esta proposta, passa a existir um enquadramento legal que permite aos municípios, às comunidades
intermunicipais e às áreas metropolitanas exercerem efetivamente as suas competências na organização dos
sistemas públicos de transportes, no âmbito da sua área de influência.
Compreendemos, por isso, e é para nós positivo, o parecer da Associação Nacional de Municípios
Portugueses, que considerou o anteprojeto de lei do regime de transporte público de passageiros um passo
positivo para a descentralização.
Não vou agora usar as declarações do Presidente da Associação Nacional de Municípios Portugueses,
mas ele refere claramente que houve uma cooperação, desde a primeira hora, por parte desta entidade.
Mas podemos falar das declarações de António Costa sobre esta matéria ao jornal Público, em que referia
que a descentralização que vai ter lugar corresponde a uma velha reivindicação dos municípios, pelo que não
pode deixar de ser vista como «algo francamente positivo». E também é verdade que, sobre esta matéria,
António Costa, mesmo antes de ter feito aquela declaração em que admitiu que o País estava hoje
efetivamente melhor, também reconheceu, na altura em que debateu este assunto, mais boa vontade ao
Governo de Passos Coelho do que ao Governo de Sócrates. Vendo o que dizia a notícia, na altura, pode ler-
se: «Tenho de reconhecer que tenho encontrado mais boa vontade do atual Governo do que dos dois
Governos socialistas anteriores». Foi António Costa quem o disse, ontem, num debate em Lisboa.
O Sr. Presidente (Guilherme Silva): — Faça favor de terminar, Sr. Deputado.
O Sr. Paulo Cavaleiro (PSD): — Termino, Sr. Presidente, dizendo apenas que António Costa referiu ainda
que «sem grandes resultados, pelo menos do ponto de vista dos princípios, há maior abertura e preparam-se
até para dar um passo importante, que é a transferência das chamadas autoridades metropolitanas de
transportes para as áreas metropolitanas».
Estas são as opiniões do líder do Partido Socialista, que penso serem importantes para o debate que
estamos a ter sobre esta matéria.
Compete agora ao Parlamento dar o seu contributo positivo nesta que é uma reforma essencial num
serviço público que mexe diariamente com a vida de milhões de portugueses.
Espero que todos saibamos fazer a nossa parte. Estou certo de que o País, como se viu hoje neste debate,
não vai parar de se reformar.
Aplausos do PSD e do CDS-PP.
O Sr. Presidente (Guilherme Silva): — Ainda para uma intervenção, tem a palavra o Sr. Secretário de
Estado das Infraestruturas, Transportes e Comunicações.
O Sr. Secretário de Estado das Infraestruturas, Transportes e Comunicações: — Sr. Presidente, Sr.as
e Srs. Deputados: Num debate com «princesas» e «cavaleiros» eu, de facto, já não consigo adicionar nada à
nobreza desses epítetos e,…