5 DE MARÇO DE 2015
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privatizações, para as concessões e sabendo que poderá advir, mesmo depois de todas as promessas do
Governo, um conjunto de responsabilidades, de pagamentos para a parte pública.
Ora, o Governo diz-nos neste regime jurídico que quem paga são as autarquias locais, quem paga são as
áreas metropolitanas. Então, não é nada mais nada menos do que o Governo seguir o plano ideológico de
privatização…
O Sr. Presidente (Guilherme Silva): — Faça o favor de terminar, Sr. Deputado.
O Sr. Pedro Filipe Soares (BE): — Termino já, Sr. Presidente.
Como dizia, não é nada mais nada menos do que o Governo seguir o plano ideológico de privatização, ter
nesse plano ideológico o reconhecimento das suas próprias falhas às promessas — afinal, há pagamentos! —,
mas claramente uma desresponsabilização do próprio Estado. E quem paga? As autarquias.
Ora, o Governo não tem nada a ver com esta matéria e é por isso que a pergunta essencial não tem
resposta por parte do Governo. Qual é o pacote financeiro? Há vida para lá desta discussão? Aparentemente
não há nem vida para lá desta discussão e não há resposta à derradeira pergunta. Esperemos que o Governo
tenha essa capacidade até ao final deste debate.
O Sr. Presidente (Guilherme Silva): — Faça o favor de terminar, Sr. Deputado.
O Sr. Pedro Filipe Soares (BE): — Termino já, Sr. Presidente.
Da parte do Bloco de Esquerda, porque nós defendemos o serviço público de qualidade e defendemos que
ele esteja ao serviço das pessoas e não ao serviço do negócio, estamos claramente contra este regime
jurídico.
O Sr. Presidente (Guilherme Silva): — Para uma intervenção, tem a palavra o Sr. Deputado Hélder
Amaral.
O Sr. Hélder Amaral (CDS-PP): — Sr. Presidente, Srs. Secretários de Estado, Sr.as
e Srs. Deputados:
Sobre esta matéria, vou ver se consigo dizer que filme é que vi neste regime jurídico.
O filme que vi é que este regime jurídico está dentro daquilo que é a legislação europeia. As alterações que
aqui são propostas estão em linha com aquilo que estava no Plano Estratégico de Transportes e
Infraestruturas? Está. Portanto, à partida direi que o Governo apresenta aqui um documento que é coerente
com a legislação europeia, coerente com aquelas que foram as suas propostas para o setor e, portanto, nada
de novo. Fica apenas e só a acusação de que é um preceito ideológico, mas enfim essa é exatamente a parte
do filme com a qual me sinto mais confortável.
Depois, disse-se que, desta forma, é o fim da autonomia do poder local e que há menos interferência dos
municípios ou das autoridades metropolitanas, mas não é verdade. As competências estão lá, está a previsão
do maior envolvimento quer das áreas metropolitanas, quer de cada um dos municípios; há o conceito do
transporte flexível, que é caro para quem, como eu, é eleito pelo interior; tem, obviamente, custos, ninguém
esconde que tem custos e, portanto, é preciso encontrar um conjunto de financiamentos, que os Srs.
Secretários de Estado disseram que podem ser através de taxas ou de outras formas.
Não há qualquer ilusão, há um serviço que é preciso prestar e que se quer de qualidade, que se quer
regular, que se quer que chegue o mais longe possível e isso, obviamente, tem custos. Fere de alguma
maneira a transparência? Parece-me que não. A transparência também está garantida com competências bem
definidas, com identificação das autoridades competentes, dos reguladores. Está, inclusivamente, bem
definido aquilo que são serviços mínimos de transportes públicos, quer da cobertura territorial, que tem a ver
com a ligação dos municípios às periferias, quer da cobertura temporal, ou seja regularidade, quer da
comunidade, quer do dimensionamento, quer da informação.
Podemos, obviamente, trabalhar um pouco mais e densificar um pouco melhor esses conceitos. Não me
parece que isso seja pouco relevante ou que não seja despiciendo fazê-lo.
Depois, para quem disso tinha dúvidas, obriga também a concursos públicos, tal está previsto. Este novo
regime estabelece, por princípio, que os serviços públicos de transportes e passageiros passem a ser