7 DE MARÇO DE 2015
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da CIMPOR — Cimentos cie Portugal, SGPS, S.A., tendo o seu papel sido decisivo para tornar este grupo
cimenteiro num dos dez maiores a operar no mercado mundial.
Lembrar António Sousa Gomes é recordar um político destacado e um gestor insigne, que deixou uma
marca de enorme competência e probidade em todos os cargos e funções desempenhadas, nomeadamente
pelo contributo determinante, no setor público e no setor privado, para o desenho de estratégias de
desenvolvimento do nosso País e de medidas para melhorar e impulsionar o crescimento da economia
nacional.
A Assembleia da República, reunida em sessão plenária, manifesta o seu pesar pela morte de António
Sousa Gomes e envia sentidas condolências à sua família».
A Sr.ª Presidente: — Srs. Deputados, vamos votar o voto que acabou de ser lido.
Submetido à votação, foi aprovado por unanimidade.
Srs. Deputados, passamos, agora, ao voto n.º 256/XII (4.ª) — De pesar pelo falecimento do músico
Fernando Alvim (PS, PSD, CDS-PP, BE, Os Verdes e PCP), que vai ser lido pelo Sr. Secretário Duarte
Pacheco.
O Sr. Secretário (Duarte Pacheco): — Sr.ª Presidente e Srs. Deputados, o voto é do seguinte teor:
«Faleceu, no passado dia 27 de fevereiro, o músico Fernando Alvim.
Nascido em Cascais, em 6 de novembro de 1934, Fernando Gui San Payo de Sousa Alvim foi um dos mais
notáveis músicos portugueses.
Iniciou a sua formação musical através do violoncelo, passando a dedicar-se ao estudo da guitarra clássica
já na juventude, na Escola de Guitarra do Professor Duarte Costa, em Lisboa, daí transitando para o curso de
guitarra clássica do Conservatório Nacional.
Aos 21 anos, inicia a carreira de guitarrista, tocando como acompanhante em casas de fado amador, como
no Abril em Portugal ou no Luso, ao lado de artistas como Luz Sá da Bandeira ou Vicente da Câmara.
O ano de 1959 marca o início de uma intensa parceria de décadas com Carlos Paredes, a quem adivinhava
os caminhos e com quem pisou palcos em todo o mundo, tendo procedido à gravação de inúmeros discos,
participado em peças teatrais como Bodas de Sangue e A Casa de Bernarda Alba, de Federico Garcia Lorca,
ou O Render dos Heróis, de José Cardoso Pires, e filmes, nomeadamente sob a direção de Paulo Rocha, em
Os Verdes Anos (1962) e Mudar de Vida (1966).
Da sua vasta carreira, espelhada em 35 obras da sua autoria, e intensa atividade, que o levou a colaborar
com o Grupo Verde-Gaio e com o Ballet Gulbenkian, registo ainda para o Conjunto de Guitarras de Fernando
Alvim (1969), que fundou com Pedro Caldeira Cabral, António Luís Gomes e Edmundo Silva e para as
colaborações magistrais com António Chainho, Janita Salomé e, até, com o grupo Sitiados.
Fernando Alvim, que assumia gostar ‘(…) de acompanhar e harmonizar, de tirar tons’, grava, em 1969, o
intemporal tema Pedra Filosofal, ao lado de Manuel Freire, ano em que também é convidado por Amália
Rodrigues para gravar o tema Formiga bossa nossa, de Alexandre O'Neil e Alain Oulman.
Mas, de todos os seus trabalhos, é a cumplicidade com Carlos Paredes o que mais se destaca. Nunca
reivindicando para si qualquer protagonismo, Fernando Alvim era dos poucos músicos com o talento e a
versatilidade necessários para conseguir acompanhar a criatividade e energia do genial guitarrista. Fazia-o
com paixão e descrição, e embora tivesse um papel fundamental no envolvimento criativo da música de
Paredes, sempre considerou ser necessário ‘(…) um certo recato, acompanhar sem grandes malabarismos’.
A sua paixão pelo fado, que dizia ter começado ao 14 anos, depois de ouvir a Amália a cantar, nunca o
abandonou, tendo mais recentemente colaborado com Carlos do Carmo, Ana Moura, Camané, Pedro Joia ou
Ricardo Pereira.
O jazz e a bossa nova são outras das suas paixões, o que lhe permitiu colaborar com músicos e artistas
tão diversos como Adriano Correia de Oliveira, Caetano Veloso, Charlie Hayden, Chico Buarque, José Carlos
Ary dos Santos, Vinícius de Moraes, José Afonso, Rão Kyao, Teresa Salgueiro, entre muitos outros.