19 DE MARÇO DE 2015
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Ouvimos o protesto de uma região contra o esvaziamento e o encerramento dos serviços públicos de
proximidade. Mais de 200 funcionários do centro distrital da segurança social foram dispensados.
Ouvimos o protesto de uma região contra a falta de apoio à capitalização das empresas e de incentivos ao
investimento. O Banco de Fomento é uma promessa que tarda a concretizar-se, com natural prejuízo para as
empresas e a criação de emprego.
Ouvimos o protesto de uma região contra a trapalhada do concurso público para a subconcessão da Metro
do Porto e da STCP, que levará à degradação do serviço público de transporte na Área Metropolitana do
Porto.
Ouvimos o protesto de uma região contra o adiamento sucessivo de obras de impacto para a economia
local como o IC35, a variante da Trofa e a eletrificação da Linha do Douro entre Caíde de Rei e Marco de
Canavezes.
Sr.as
e Srs. Deputados, o assustador retrato económico-social do distrito é o retrato que poderá fazer-se de
qualquer outra região do nosso País.
Nos últimos quatro anos, o País conheceu um retrocesso social, económico e financeiro sem paralelo. A
obsessão ideológica tem marcado profundamente as políticas deste Governo.
Assistimos ao aumento dramático da pobreza: há hoje 2 milhões e 700 000 portugueses em risco de
pobreza, mais 450 000 do que em 2011.
Mais de 570 000 crianças e jovens estão em risco de pobreza, sendo que este fenómeno acentua-se em
famílias monoparentais.
Quando 25,6% dos menores de 17 anos vive em famílias abaixo do limiar da pobreza, os cortes nos apoios
sociais acentuam a desigualdade de oportunidades e comprometem brutalmente o futuro de uma parte
considerável da nova geração.
Aplausos do PS.
O aumento da desigualdade mostra que a diferença de rendimentos entre os mais ricos e os mais pobres
aumentou. Em 2013, os 10% mais ricos tinham um rendimento 11 vezes superior aos 10% mais pobres,
quando, em 2010, a diferença era apenas nove vezes superior.
O desemprego real atinge 21% da população ativa!
Desde 2011, emigraram mais de 350 000 portugueses, sendo que 133 000 são jovens, muitos dos quais
licenciados e a quem o País não soube oferecer condições para o desenvolvimento da sua vida profissional.
Por cada dia que passa, emigram 320 cidadãos, valor comparável apenas à década de 60!
Sr.as
e Srs. Deputados, ao drama das famílias acrescem os preocupantes indicadores económicos. A a
carga fiscal atingirá, este ano, o mais alto valor de sempre — 37% do PIB. A dívida pública subirá para 129%
do PIB. A economia cai 5,5%, estando o PIB real de 2014 ao nível do PIB de 2001.
O número de insolvências de empresas, no final de 2014, era 63% superior a 2011.
As exportações apresentaram, em 2014, a quinta taxa de crescimento mais fraca destes últimos 20 anos e,
de acordo com o INE, estão em forte desaceleração, ao crescerem apenas 0,9% em janeiro, contra 6,1% no
mesmo período do ano passado.
O investimento caiu para níveis dos anos 80, para 15% do PIB, o mais baixo da União Europeia.
A contratação de projetos, no âmbito do Portugal 2020, no valor de 25 000 milhões de euros, de que a
economia portuguesa tanto necessita, ainda não saiu do papel.
Se a situação económica e social se agravou, a instabilidade diária provocada pelo Governo é cada vez
mais insustentável: o caos nas urgências hospitalares e o caos no arranque do ano escolar, para além de um
vasto conjunto de trapalhadas, como, por exemplo, os diversos concursos na área dos transportes e o recente
caso da lista VIP de contribuintes.
Só um Governo em estado de negação é que não consegue ver o falhanço da sua competência e do seu
modelo económico.
Aplausos do PS.