I SÉRIE — NÚMERO 62
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Tem a palavra, para pedir esclarecimentos, a Sr.ª Deputada Cecília Meireles.
A Sr.ª Cecília Meireles (CDS-PP): — Sr.ª Presidente, em primeiro lugar, queria cumprimentar não só o Sr.
Deputado João Paulo Correia mas também o Partido Socialista por ter escolhido Vila Nova de Gaia e o distrito
do Porto para realizar as suas jornadas parlamentares. Sendo também o meu distrito, não posso deixar de
achar uma boa escolha e de a saudar.
Já não posso dizer o mesmo, infelizmente, da sua intervenção. A verdade é que o Sr. Deputado traçou
aquilo que qualificou, se bem entendi, como um assustador retrato do País.
Ora, eu diria que assustador, assustador é a falta de alternativas que se vislumbram ou, melhor, que não se
vislumbram no discurso do PS. É que do principal partido da oposição, que, teoricamente, quer ser governo,
esperava-se já não digo uma proposta concreta mas, pelo menos, uma ideia, uma alternativa.
O Sr. Deputado faz um grande discurso sobre as suas jornadas parlamentares, mas não perpassa nele
uma única proposta, uma única ideia alternativa para o País. Os Srs. Deputados nada mais fazem do que
criticar o atual Governo.
O Sr. Nuno Magalhães (CDS-PP): — Muito bem!
A Sr.ª Cecília Meireles (CDS-PP): — E isso tem um significado. Tem um significado que me parece —
para utilizar as palavras do Sr. Deputado — particularmente assustador. É que ninguém aqui defende,
suponho, que, em Portugal, se vive num mundo perfeito. Mas nós sabemos olhar para o futuro e sabemos
olhar para o presente. E sabemos que, ao contrário do País que os senhores legaram, agora Portugal está
numa fase de crescimento económico. Sabemos que, ao contrário do País que os senhores deixaram, agora
Portugal está numa fase de redução do desemprego.
E aquilo que mais me assusta, Srs. Deputados, é que os senhores viram as costas àqueles portugueses
que têm esperança, que, com mérito, souberam conquistar uma vida melhor e que, com mérito e sacrifício,
lutam por uma vida melhor.
Aplausos do CDS-PP.
Os Srs. Deputados viram as costas a esses portugueses e querem apenas voltar ao passado, voltando a
cometer os mesmos erros, e sem nunca explicarem o seguinte: se as vossas ideias, se as vossas propostas e
se a vossa governação foram tão boas, por que é que levaram o País à falência? Se a receita era tão boa,
como é possível que o resultado tenha sido tão mau?
Isso o Sr. Deputado nunca explica! O que nos deixa também a ideia assustadora de que estão a planear,
se algum dia porventura chegarem ao Governo, fazer exatamente o mesmo.
Depois, quando o Sr. Deputado diz que, quer o FMI, quer a Comissão Europeia quer o Banco Central
Europeu, criticam o Governo, sempre suspeitei, Sr. Deputado, que estes fossem os vossos gurus secretos —
aliás, não é por acaso, foram os senhores que os chamaram para Portugal.
O Sr. João Oliveira (PCP): — O que nós vimos foi os três partidos a estenderem a passadeira!
A Sr.ª Cecília Meireles (CDS-PP): — Mas talvez seja bom, depois de tanto terem acusado o Governo de
ser mais troiquista do que a troica, terem agora algum pudor em utilizar este tipo de argumentos.
A Sr.ª Presidente: — Queira concluir, Sr.ª Deputada.
A Sr.ª Cecília Meireles (CDS-PP): — Para concluir, Sr.ª Presidente, gostava que o Sr. Deputado me
esclarecesse se, por acaso, o Secretário-Geral do Partido Socialista terá ido às jornadas parlamentares. É que
ele sabe bem — e disse-o, aliás, também no distrito do Porto, creio que na Póvoa do Varzim, junto a
investidores chineses — e explicou bem que Portugal está bem melhor agora do que no tempo em que os
senhores nos governaram e nos fizeram passar a todos pelo vexame de termos de ir, «de chapéu na mão»,
pedir o dinheiro a parceiros internacionais para pagar salários e pensões.