21 DE MARÇO DE 2015
33
Efetivamente, o contexto económico-financeiro do setor dos resíduos exigia uma atitude mais responsável,
com fins de verdadeira defesa do interesse público destes serviços e dos cidadãos, e não a instrumentalização
do tema com fins ideológicos e de combate político.
O Governo tem tido uma postura de diálogo e transparência em todo este processo…
Risos do Deputado do PCP Miguel Tiago.
… e, neste exigente contexto, é bom não esquecer que tem avançado com um conjunto significativo de
reformas importantes para o setor dos resíduos.
Mas também é bom recordar que existem metas nacionais e internacionais na área ambiental, a que o
Partido Socialista não pode ser indiferente, com um discurso de ziguezague que ponha em causa esses
compromissos. E, aqui, mais uma vez, é justo reconhecer que este Governo conseguiu compatibilizar esses
compromissos com a prestação de um serviço de excelência, garantindo, no final, a desejada sustentabilidade
económico-financeira dos sistemas.
Assim, para terminar, ao contrário do que a esquerda tantas vezes tem alegado, condicionando
erradamente a opinião pública, o processo de privatização da EGF tem sido desenvolvido de forma
transparente, em articulação com a Associação Nacional de Municípios Portugueses e envolvendo as
autarquias.
Aplausos do CDS-PP e do PSD.
Entretanto, reassumiu a presidência a Presidente, Maria da Assunção Esteves.
A Sr.ª Presidente: — Peço aos Srs. Deputados que pretendem, ainda, usar da palavra o favor de se
inscreverem, porque até agora não há mais inscrições.
Pausa.
Estão inscritos os Srs. Deputados Pedro Farmhouse, Carlos Santos Silva e Miguel Tiago.
Para uma intervenção, tem a palavra o Sr. Deputado Pedro Farmhouse.
O Sr. Pedro Farmhouse (PS): — Sr.ª Presidente, pensei que ia seguir-se a praxe parlamentar de, no final,
os partidos com propostas usarem ainda da palavra. Foi nesse sentido que me inscrevi, mas posso usar da
palavra neste momento.
Sr.ª Presidente, Srs. Deputados: Parece-me demasiado grave aquilo que aqui foi afirmado, por parte do
PSD e do Sr. Ministro.
Primeiro ponto: não consta do primeiro Memorando da troica nenhuma privatização da EGF. Foi na quinta
revisão que os senhores introduziram a privatização da EGF. É isso que lá está, e não foi no primeiro!
Segundo ponto que me parece importante clarificar: o Sr. Ministro disse aqui que este processo foi
transparente, foi claro e, quando se iniciou, estava tudo pronto. Curioso!… Não deixa de ser curioso, Sr.
Ministro, como é que o processo da privatização começou, de acordo com o Diário da República, no dia 20 de
março de 2014 e, no dia 29 de abril, a Quercus escreve ao Sr. Ministro fazendo várias perguntas,
nomeadamente como iriam ser geridos os resíduos urbanos sem envolvimento das autarquias, em que
estudos baseou o Governo a opção estratégica pela privatização da EGF, como era possível o concurso para
a privatização avançar, à época, sem o PERSU 2020, quais eram as garantias que iriam ser dadas pelas
entidades privadas para as metas ambientais e, finalmente, a questão da taxa de gestão de resíduos.
Não deixa de ser curioso, Sr. Ministro, que a taxa de gestão de resíduos venha, no seu pacote ambiental,
na chamada fiscalidade verde, que só em novembro/dezembro é que ficou estabilizado. É que o Sr. Ministro
abriu o concurso em março de 2014, não foi em outubro de 2014, não foi em novembro, não foi em dezembro!
O Sr. Ministro abriu o concurso sem ter todos os meios, sem ter todas as peças, sem ter tudo aquilo que era
essencial para realizar um processo transparente, claro e de confiança.