I SÉRIE — NÚMERO 69
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deles com mais de 60 e 70 anos e alguns até com mais de 80 anos. Discutimos isso aqui, várias vezes! Os
Srs. Deputados estão esquecidos?!
Agora, vêm os Srs. Deputados da maioria com uma estratégia para os mercados de proximidade. Ó Srs.
Deputados, vamos lá ver se alguns desses pequenos produtores voltam a esses mercados. E vamos à mesma
conversa dos molhinhos de coentros e de salsa do Sr. Deputado Abel Baptista. É que muitos abandonaram os
mercados de proximidade, porque se assustaram com as vossas políticas, e os senhores sabem disso tão
bem como eu ou melhor do que eu. Por isso, vamos ver se eles conseguem voltar.
Precisamos de medidas concretas e, de facto, no conjunto das resoluções, há uma série de medidas que
merecem ser ponderadas.
Portanto, apoiaremos os projetos de resolução do PS e do PCP, que têm um conjunto de medidas que
devem ser aprofundadas, e o Bloco de Esquerda apresenta uma medida concreta que nos parece
fundamental, porque isto já lá não vai com estratégias integradas, é preciso concretizar as estratégias: todas
as cantinas públicas, e são muitas, deveriam ter uma política de compra dos produtos locais. Era uma medida
e, esta, sim, incentivava os mercados. É só uma, é verdade! São precisas mais? São, sim, Srs. Deputados,
mas esta é uma! Comecemos por algum lado.
Aplausos do BE.
A Sr.ª Presidente: — Terminada a apresentação dos projetos de resolução, passamos às intervenções dos
vários grupos parlamentares.
Assim, para uma intervenção, tem a palavra a Sr.ª Deputada Heloísa Apolónia.
A Sr.ª Heloísa Apolónia (Os Verdes): — Sr.ª Presidente, Sr.as
e Srs. Deputados: Quem ouviu, hoje, as
intervenções do PSD e do CDS diria que há aqui qualquer coisa de estranho relativamente àquilo a que se tem
vindo a assistir. E talvez seja importante clarificar algumas coisas.
Por exemplo, os senhores manifestaram-se hoje extraordinariamente preocupados com a pequena
produção e os pequenos produtores, mas o certo é que, ao longo da Legislatura, com muitas das medidas
concretas que vieram a tomar arruinaram esses pequenos produtores, designadamente com a obrigatoriedade
de inscrição nas Finanças e dificultando os apoios a estes pequenos agricultores.
Ora, destroem e depois de destruída uma boa parte vêm aqui dizer que é preciso salvaguardar. É caso
para dizer: tarde piaram, Sr.as
e Srs. Deputados! Mas estamos aqui a falar, de facto, de coisas
extraordinariamente sérias, porque também estamos a falar do sustento de muitas famílias.
Por outro lado, também é estranho que estas propostas da maioria surjam agora na sequência de uma
coisa já aprovada em Conselho de Ministros,…
O Sr. Abel Baptista (CDS-PP): — Não foi «uma coisa», foi uma medida legislativa!
A Sr.ª Heloísa Apolónia (Os Verdes): — … que diz praticamente o mesmo que os senhores aqui vêm
propor.
Ora, se isso acontecesse da parte dos partidos da oposição, os senhores votavam contra, porque diziam:
«Ah, o Governo já está a fazer» ou «O Governo pensa fazer». Depois — é bem verdade! —, nunca faz, mas
os senhores utilizam este argumento para chumbar muitas iniciativas da oposição e, agora, vêm aqui, qual
copianço da iniciativa do Governo, mas não confiando, de facto, na sua concretização, e nisto, de facto, dou-
vos razão.
Mas quem vos ouviu aqui falar, hoje, não acreditaria que os senhores chumbaram, designadamente, dois
dos projetos que Os Verdes insistentemente têm trazido à Assembleia da República, justamente no sentido de
escoar os produtos da produção local e regional. Refiro-me a um projeto que prevê a existência obrigatória de
uma determinada quantidade de produtos locais nos hipermercados em Portugal — como sabem, muitos dos
portugueses fazem compras regulares nos hipermercados e, por isso, estes não podem ficar de fora do
escoamento obrigatório da produção local, isto devia ser garantido — e, por outro lado, a um projeto, que Os
Verdes recorrentemente têm trazido à Assembleia da República, que se prende com o facto de as cantinas
públicas ajudarem também a esse escoamento da produção local. Faz todo o sentido! Faz todo o sentido que,