I SÉRIE — NÚMERO 72
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Chegados a 2015, a previsão da receita é superior a 465 milhões de euros, em relação a 2011. É o mais
brutal aumento de impostos sobre o património das últimas décadas.
Um observador desatento diria que os portugueses vivem no melhor dos mundos. Porém, infelizmente, a
crise continua. As dificuldades dos portugueses acentuam-se e o Governo não quer enfrentar a dura realidade
e dar alguma folga às famílias portuguesas.
Este facto fez com que o PS tenha proposto, em sede de Orçamento do Estado, que a cláusula de
salvaguarda se mantivesse enquanto não se atingisse o valor da avaliação, que, diga-se em abono da
verdade, foi uma avaliação incorreta e incompleta, uma avaliação tipo Google, que não teve em consideração
o estado de conservação dos imóveis.
O PSD e o CDS não querem ver a realidade. Com este Governo, não é o Estado que está ao serviço dos
portugueses, são os portugueses que estão ao serviço das fixações do Governo.
A direita tem usado como álibi o Memorando de Entendimento. Porém não era o Memorando de
Entendimento que estabelecia que o ajustamento se faria em dois terços do lado da despesa e em um terço
do lado da receita? Então, qual é a urgência, a pressa de continuar com este brutal aumento de impostos
sobre o património das famílias? Qual a motivação para continuar a atingir uma classe média exaurida com
esta sanha gananciosa de um Estado que é cada vez mais inimigo dos cidadãos?
É trágico que as famílias portuguesas se vejam confrontadas com esta brutalidade que não deixa respirar a
sociedade portuguesa.
Por isso, o PS propõe, Sr.ª Presidente, que a cláusula de salvaguarda seja reposta de imediato, que a
avaliação patrimonial seja feita, de forma direta, por um corpo próprio de especialistas habilitados para o
efeito, e que, no produto do valor das avaliações, seja considerado o estado de conservação dos prédios.
Queríamos aqui realçar, salientar e louvar a atitude de todos os municípios portugueses que, apesar das
dificuldades financeiras com que se defrontam, têm aplicado a taxa mínima, em contraste com o Governo que
não se compadece com as dificuldades das famílias portuguesas.
É altura de mudarem de rumo. E desafio-vos a votarem o projeto de lei do Partido Socialista, que é justo e
gradualista, responde às necessidades dos cidadãos e não compromete o bem comum.
Aplausos do PS.
A Sr.ª Presidente (Teresa Caeiro): — Para uma intervenção, tem a palavra o Sr. Deputado Jorge Paulo
Oliveira.
O Sr. Jorge Paulo Oliveira (PSD): — Sr.ª Presidente, Sr.as
e Srs. Deputados: No âmbito do Memorando de
Entendimento, o anterior Governo socialista comprometeu o Estado português a efetuar uma reavaliação geral
dos imóveis, tendo em vista a obtenção de uma receita adicional.
Em nome da verdade, temos o dever de reconhecer que essa reavaliação geral se impunha em nome da
igualdade e da equidade fiscal. A não ocorrer esta reavaliação geral, teríamos, como tivemos durante muitos
anos, duas casas absolutamente iguais, no mesmo prédio, a pagarem IMI completamente diferentes.
O Sr. Hugo Lopes Soares (PSD): — Muito bem!
O Sr. Jorge Paulo Oliveira (PSD): — Porém, ao contrário do Partido Socialista, antecipámos que essa
reavaliação geral exigiria um esforço adicional e significativo às famílias portuguesas que era preciso atenuar.
Por isso, em 2011, também porque o processo de reavaliação não estava ainda concluído, criámos uma
cláusula de salvaguarda transitória a vigorar durante três anos, ou seja, até 2014.
Inacreditavelmente, o Partido Comunista Português, o Partido Socialista e o Bloco de Esquerda não
votaram a favor da cláusula de salvaguarda. Concluída que foi a reavaliação geral em 31 de março de 2012, e
passados dois anos, deixou de fazer sentido que esta cláusula de salvaguarda, exatamente nos termos em
que a conhecemos, se prolongasse no tempo, sob pena de continuarmos a ter duas casas iguais, no mesmo
prédio, a pagarem IMI completamente diferentes.
O Sr. Hugo Lopes Soares (PSD): — Muito bem!