I SÉRIE — NÚMERO 72
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Foi iniciado pelo Partido Socialista e é um caminho de não retorno. A questão que se deveria pôr é: devia
ter sido iniciado? Mas essa é outra questão. Este Governo apanhou um processo em curso, um processo que
estava mais que lançado e embalado pelo Partido Socialista e, portanto, teria de o continuar.
Aliás, como o Sr. Deputado Miguel Freitas sabe, há compromissos internacionais assumidos pelo Estado
português, há fundos comunitários envolvidos e este processo, que o Partido Socialista iniciou, engendrou e
maquinou, é um processo que se for interrompido implicará prejuízos de muitos milhões para o Estado
português.
Sr. Deputado, depois, há outra questão, que é a de percorrer este caminho com bom senso e cumprindo os
objetivos que inicialmente estavam propostos. O nosso projeto de resolução vai nesse sentido.
Fazem-se as demolições, como estão previstas há 20, 25 anos, mas para aquilo que é o propósito das
mesmas: renaturalização e requalificação. Esse processo está a ser iniciado.
Porém, no nosso projeto de resolução, propomos que em vez de, cegamente, se classificar
administrativamente as casas como de primeira e única habitação, ou não, por iniciativa e, muitas vezes, à
revelia das pessoas, se tenha a devida atenção no terreno, durante o processo de demolições, a todos os
casos em que haja dúvidas, em que haja pessoas a queixar-se de que, em devido tempo, tinham apresentado
a documentação comprovativa de que era a sua primeira e única habitação e por arrogância, por cegueira
administrativa da parte da Polis, da parte do Governo do Partido Socialista, tais situações tenham sido
ignoradas.
Portanto, a recomendação que fazemos ao Governo é: «sim senhor, têm de fazer as demolições — está na
lei, cumpra-se —, mas com o devido cuidado e sem atropelar os direitos das pessoas».
Vejo agora aqui o Partido Socialista, que foi o pai desta hidra — e quando falo em hidra refiro-me a todo
aquele projeto que vai desde os planos para as ilhas-barreira até à criação da Polis, com todos os poderes que
lhe deram e todas as competências até ao POOC —, a dizer que as populações se revoltaram devido ao
«cutelo» que já estava em cima das suas cabeças. Vem agora o Partido Socialista fazer de virgem inocente e
dizer que não tem nada a ver com isso.
Protestos do PS.
A Sr.ª Rita Rato (PCP): — Diz o roto ao nu!…
O Sr. Artur Rêgo (CDS-PP): — Tem, tem! Os senhores são os autores.
Por outro lado, vejo os partidos à esquerda do Partido Socialista com posições que, neste momento,
envergonham, porque é um aproveitamento da situação de desespero das pessoas.
A Sr.ª Cecília Honório (BE): — Quem é que cedeu?
O Sr. Paulo Sá (PCP): — Quem é que está a demolir?
A Sr.ª Rita Rato (PCP): — O CDS-PP é que devia ter vergonha!
O Sr. Artur Rêgo (CDS-PP): — Nunca vi os senhores a preocuparem-se com as populações das ilha-
barreira. Nunca!
O Sr. Paulo Sá (PCP): — O Sr. Deputado anda distraído!
O Sr. Artur Rêgo (CDS-PP): — Nunca vi os senhores a preocuparem-se com a ria Formosa. Vejo-os lá
agora!
Desconfio até que a maioria dos senhores, para irem às ilhas-barreira, hão de perguntar «onde é que se
apanha o autocarro»! Se calhar nem sabem que não se pode ir de autocarro para lá…
Risos de Deputados do PSD.