16 DE ABRIL DE 2015
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Sr.as
e Srs. Deputados: É tempo de pensar que os orçamentos familiares podem ser ajudados com a
gratuitidade efetiva dos manuais escolares e a desmaterialização dos mesmos pode levar-nos a esse objetivo,
assim queiramos todos trabalhar nesse sentido.
Outro contributo para a questão da ajuda aos orçamentos familiares é o projeto de lei que Os Verdes aqui
trazem relativo à matéria dos transportes, ou seja, a reposição do passe escolar.
O facto de se terem retirado os descontos nos passes escolares aos estudantes veio sobrecarregar mais
os orçamentos familiares e fazer essa reposição de descontos para todos os estudantes é determinante para
todas as famílias portuguesas.
O outro projeto de lei que Os Verdes aqui trazem prende-se com o setor da saúde e determina que a cada
criança que nasça seja atribuído um médico de família. É que, Sr.as
e Srs. Deputados, é preciso garantir
segurança no acompanhamento das crianças na área da saúde e sabemos como muitas vezes é difícil esse
acompanhamento, não apenas por questões económicas mas também pela disponibilização dos próprios
serviços de saúde.
São estas, Sr.ª Presidente, Sr.as
e Srs. Deputados, as propostas que Os Verdes aqui trazem, como
contributo para este debate.
Aplausos do PCP.
Neste momento, assumiu a presidência o Vice-Presidente António Filipe.
O Sr. Presidente: — A Mesa não regista pedidos de esclarecimentos à oradora.
Para intervir, em nome do PCP, tem a palavra a Sr.ª Deputada Paula Santos.
A Sr.ª Paula Santos (PCP): — Sr. Presidente, Srs. Deputados: As famílias não têm filhos não porque não
queiram mas porque não podem. Nas últimas décadas, temos assistido à desvalorização da função social da
maternidade e da paternidade, enquanto elemento essencial de substituição das gerações.
Resulta da política de direita uma perspetiva de responsabilização das famílias, em especial das mulheres,
pela baixa natalidade, quando esta responsabilidade é de sucessivos governos. Por detrás das questões da
natalidade suscitadas pelos partidos da política de direita está subjacente uma conceção retrógrada, que
pretende ver a luz do dia mas deve permanecer no passado, quanto à função social da maternidade e da
paternidade e ao papel da mulher na família, no mundo do trabalho e na sociedade.
É preciso eliminar os condicionalismos que impedem as famílias de decidir consciente, livre e
responsavelmente o momento e o número de filhos. É preciso adotar medidas integradas de incentivo à
natalidade que deem a confiança e a estabilidade aos casais em idade fértil para tomarem a decisão de ter
filhos.
É este o contributo que o PCP, neste debate, pretende dar às famílias e ao país, com a apresentação de
um conjunto vasto de soluções concretas.
Assim, propomos:
Um programa nacional de combate à precariedade, que ponha termo à instabilidade, à contratação ilegal e
à exploração dos trabalhadores;
O reforço dos direitos de maternidade e paternidade, designadamente quanto à livre escolha do casal, no
gozo da licença de maternidade e paternidade de 150 ou 180 dias, assegurando o seu pagamento a 100%;
O alargamento da licença obrigatória da mulher de seis para nove semanas, e da licença de paternidade de
10 para 20 dias;
A criação da licença de prematuridade, paga a 100%, e o combate ao despedimento ilegal de
trabalhadoras grávidas, puérperas e lactantes;
Uma efetiva fiscalização do cumprimento dos direitos de maternidade e paternidade, através do reforço dos
meios da ACT;
O alargamento dos critérios de atribuição do abono de família, assegurando a sua universalidade, através
da reposição dos 4.º, 5.º e 6.º escalões e da majoração, em 25%, dos 1º e 2.º escalões;
O alargamento dos critérios de atribuição do abono pré-natal;
A criação de uma rede pública de equipamentos para a infância a preços acessíveis;