I SÉRIE — NÚMERO 73
18
A atribuição de médico de família a todos os utentes, em particular às mulheres grávidas e às crianças e
jovens;
A efetivação dos direitos sexuais e reprodutivos;
O acesso a cuidados de saúde para as crianças e jovens, assegurando a saúde infantil, a inclusão das
vacinas antipneumocócica, antipneumocócica tipo B e antirotavírius no Plano Nacional de Vacinação, a
promoção de saúde e da saúde mental;
A acessibilidade aos tratamentos de infertilidade, através do aumento dos centros públicos de procriação
medicamente assistida, assim como da sua capacidade de resposta, que permita a eliminação progressiva das
listas de espera, o aumento do número de ciclos e a disponibilização gratuita dos medicamentos para o
tratamento de infertilidade;
A gratuitidade dos manuais escolares para todos os estudantes na escolaridade obrigatória e a criação do
passe escolar gratuito para os estudantes com ação social escolar e comparticipado, a 50%, para os restantes
estudantes;
O acesso à habitação para os jovens.
Sr. Presidente, Srs. Deputados: O Governo PSD/CDS-PP tem-se desdobrado em discursos políticos,
manifestando as suas preocupações com a baixa natalidade. Mas este discurso não se coaduna com a prática
governativa de PSD e CDS-PP. As políticas concretas que implementaram nos últimos quatro anos não
promoveram a natalidade, muito pelo contrário, conduziram à sua redução, de uma forma mais acentuada,
passando de cerca de 100 000 nascimentos anuais para pouco mais de 80 000.
Cortaram salários, destruíram milhares de postos de trabalho, promoveram a precariedade, o desemprego
e a emigração, aumentaram a carga fiscal sobre os rendimentos de trabalho, retiraram o abono de família e o
rendimento social de inserção a milhares de crianças e jovens. É assim que pretendem incentivar a natalidade,
agravando as já difíceis condições de vida dos trabalhadores e das famílias?
Durante a governação do PSD e CDS-PP não foram poucas as vezes a que assistimos a tentativas de
branqueamento das consequências da política de empobrecimento e de exploração que impuseram os
trabalhadores, ao povo e ao País.
Se, de facto, a preocupação do Governo, do PSD e do CDS-PP com a redução da natalidade é séria, que o
demonstrem, demonstrem rompendo com este rumo.
As políticas de incentivo à natalidade não podem colocar em alternativa os direitos dos trabalhadores, isto
é, não é justo que os trabalhadores tenham de optar, ou por ter um filho ou pelo seu salário integral.
Por isso perguntamos: propor aos trabalhadores que prescindam de 40% do seu salário é um incentivo à
natalidade? Mas quem é que pode prescindir de uma parte do seu salário e considerar isso um incentivo à
natalidade?!
Sr. Presidente, Srs. Deputados: Só não vê quem não quer ver. A realidade concreta do País e das famílias
demonstra que ter a família que se deseja não é para quem quer, é para quem pode.
A inversão da baixa natalidade não se resolve com pequenas alterações de circunstância para perpetuar a
mesma política que conduziu à deterioração das condições de vida dos trabalhadores e do povo e que levou à
redução da natalidade.
Não é por acaso que a última vez que se verificou um aumento significativo da natalidade, contrariando a
tendência decrescente, foi após o 25 de Abril, um momento de significativa elevação das condições de vida do
povo e de enorme confiança e esperança no futuro.
Vozes do CDS-PP: — Ah!…
A Sr.ª Paula Santos (PCP): — Tal como há 40 anos, assegurando as condições de vida dignas, a
confiança e a estabilidade no futuro, poderemos ter um futuro mais risonho e uma evolução demográfica mais
positiva.
A concretização de políticas de incentivo à natalidade implica a rutura com a política de direita e a adoção
de uma política alternativa, patriótica e de esquerda; uma política que concretize a maternidade e paternidade
consciente, livre e responsável; que proteja as crianças e jovens e potencie o seu desenvolvimento integral,
assegurando todas as condições económicas e sociais, e que garanta o emprego com direitos e seguro,
possibilitando à mulher um papel ativo na sociedade, em todas as suas dimensões e, em especial, na