17 DE ABRIL DE 2015
11
Falta de sentido de Estado, porque Portugal subscreveu a Convenção dos Direitos das Crianças e as
propostas que o Governo e a maioria fazem são entregar a proteção e o cuidado destas crianças a entidades
privadas, e isso não podemos aceitar!
Ainda há 15 dias, o Partido Socialista, num projeto de resolução, fez aqui quatro propostas, muito simples e
facilmente aceitáveis: manter os 153 técnicos que foram contratados especificamente para este trabalho;
aumentar a cooperação entre os ministérios, pois neste momento só o Ministério da Educação cumpre,
rigorosamente, a sua função na CPCJ; manter o financiamento às autarquias para manter também o apoio a
estas crianças e aumentar, sempre que possível, os mecanismos de formação dos técnicos, para poderem
trabalhar com estas crianças.
Pois bem, estas propostas, simples, que não têm custos adicionais àquilo que já está previsto, o PSD e o
CDS reprovaram-nas, e não só as reprovaram como, nas intervenções das Sr.as
Deputadas do CDS e do PSD,
vieram dizer: «não é necessário nada, tudo está feito, essas propostas que o Partido Socialista está aí a fazer
já estão garantidas».
Eis senão quando, não obstante o Sr. Conselheiro Armando Leandro ter vindo aqui dizer que vivemos uma
situação emergencial e a Sr.ª Procuradora da República Dulce Rocha ter vindo dizer que era necessário
aumentar a formação, porque estas crianças necessitavam de técnicos com a máxima formação para poderem
cuidar delas, o PSD, depois de ter dito tudo isto, veio agora, a mata-cavalos, apresentar um projeto de
resolução que tem um efeito boomerang fulminante para quem o apresenta.
Vou repetir-vos três ou quatro propostas que o PSD e o CDS têm nesse projeto de resolução: valorizar e
aperfeiçoar a ratificação da Convenção dos Direitos das Crianças. Mas qual é a proposta? Entregar o seu
cuidado aos privados.
Segunda proposta: eficiência no instrumento da adoção. Então, não foi esta maioria que, há dois meses,
recusou que o processo de coadoção fosse permitido a famílias, neste País?
Protestos do PSD e do CDS-PP.
Cada vez temos mais crianças e mais jovens institucionalizados porque os senhores proibiram e
dificultaram o instrumento da adoção!
Vozes do PS: — Muito bem!
O Sr. João Paulo Pedrosa (PS): — Em terceiro lugar, este projeto de resolução pede mais medidas de
apoio e proteção. Mas, Sr.as
e Srs. Deputados, então, mas já não estava tudo feito? As propostas do PS não
eram irrealistas, na opinião da maioria?!
Em quarto lugar, dizem: «a Comissão Nacional deve contratar mais técnicos». Então, mas o que é que fez
o Governo? Despediu os técnicos que existiam e, agora, pede-os à Comissão Nacional?!
Protestos do PSD e do CDS-PP.
Uma autêntica trapalhada é aquilo que o Governo e a maioria têm feito, neste domínio.
Aplausos do PS.
Já agora, queria dizer que pensava que era só o Sr. Secretário de Estado Agostinho Branquinho que não
sabia fazer contas, não obstante ser um gestor privado de reconhecidos méritos.
Fiz um quadro, que aqui exibo, para dizer que o Sr. Secretário de Estado faltou à verdade, na Comissão,
na semana passada. Vou dar-lhe o exemplo da CPCJ do meu concelho, de Marinha Grande. Então, o que é
que tínhamos? O técnico da segurança social tinha 14 horas e um técnico de reforço tinha mais 40 horas, o
que perfazia 54 horas.
Diz o Sr. Secretário de Estado: «Aumentámos 10 horas ao técnico da segurança social». É verdade! Mas
retiraram 40 horas, como indico neste quadro. O que é que isto significa? Significa que havia 54 horas e,
agora, há 24 horas. Desde quando é que 24 é maior que 54, Sr. Secretário de Estado?! Desde quando?!