I SÉRIE — NÚMERO 82
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O Sr. Primeiro-Ministro: — Ora, isto já nós estamos a fazer desde 2013, porque em 2013 e 2014 já
registámos excedentes primários, quer dizer, saldos orçamentais positivos, descontados do que custa a dívida
passada. E o mesmo para este ano. Vamos para o terceiro ano.
Sabe o Sr. Deputado que em 41 anos, tirando este registo deste Governo desde 2013, só duas vezes,
pontualmente, se registou em Portugal um excedente primário — não é um saldo positivo do Orçamento, é um
excedente primário. Só duas vezes, a última das quais foi em 1995, veja o Sr. Deputado. Há, portanto, 20
anos. Registámos um excedente primário em 2013, outro em 2014, vamos registar em 2015 e nos anos
seguintes. E esperamos, em 2019, ter mesmo um excedente orçamental.
O Sr. João Oliveira (PCP): — E as crianças a passar fome!
O Sr. Primeiro-Ministro: — É assim que se combate o excesso de dívida e se defende a sustentabilidade
da dívida e não de outra maneira, Sr. Deputado.
Quanto à questão da TAP, eu estava convencido de que já tínhamos aqui discutido esta matéria, Sr.
Deputado.
O Sr. Jerónimo de Sousa (PCP): — Mal, mal!
O Sr. Primeiro-Ministro: — Mal? Vamos agora discuti-la um pouco melhor, então. Vou esforçar-me por
isso.
Nós podemos solicitar à Comissão Europeia autorização para fazer, ao abrigo do regime de auxílios de
Estado, uma capitalização da TAP, desde que estejamos disponíveis para a reestruturar. O Sr. Deputado deu
os exemplos de Itália, da Polónia e poderia ter dado outros, mas eu gostaria que o Sr. Deputado, no tempo
que ainda lhe sobra, dissesse também o que aconteceu às empresas aéreas nesses países,…
Vozes do PSD: — Exatamente!
O Sr. Primeiro-Ministro: — … que explicasse o que aconteceu.
Vozes do PSD: — Ora bem!
O Sr. Primeiro-Ministro: — Mas eu digo-lhe, Sr. Deputado: elas reduziram a sua dimensão em quase
40%, repito, em quase 40%. Falamos do número de rotas, falamos do número de funcionários, falamos,
portanto, do número de operações. É isso que o Sr. Deputado defende para a TAP? Que a gente faça um
despedimento coletivo para despedir quase 40% do seu pessoal, reduzir o número de voos, reduzir as rotas
que temos? É isso que o Sr. Deputado quer? Eu não quero!
O Sr. Jerónimo de Sousa (PCP): — E as privatizações?!
O Sr. Primeiro-Ministro: — O Sr. Deputado diz-me que nós é que somos os responsáveis?! Nós, o
Governo, é que somos os responsáveis pela desestabilização da TAP?! Ó Sr. Deputado, ainda pensei que o
Dr. Ferro Rodrigues, que há pouco me fazia a mesma acusação, estava, no fundo, revoltado por um Governo
de que fez parte ter permitido que a Administração da TAP tivesse prometido aos pilotos que poderiam ficar,
no caso de privatização, donos de quase 20% da companhia.
O Sr. Ferro Rodrigues (PS): — É falso!
O Sr. Primeiro-Ministro: — Pensei que era a isso que ele se referia há pouco, evidentemente o motivo que
o sindicato alega para fazer greve, ou seja, que quer ficar dono de 20% da TAP.
O Sr. Ferro Rodrigues (PS): — É falso!