7 DE MAIO DE 2015
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O Sr. Primeiro-Ministro: — É isso que o sindicato alega, como o Sr. Deputado sabe.
Sei que não é isso que o Partido Comunista Português quer. O que o Partido Comunista Português quer é
outra coisa, não obstante achar bem a greve da TAP, evidentemente, porque acha…
Protestos do Deputado do PCP Jerónimo de Sousa.
Não acha. Então, agradeço esse esclarecimento. O Sr. Deputado demarca-se da greve que foi decretada.
O Sr. Hugo Lopes Soares (PSD): — Bem apanhado!
O Sr. Primeiro-Ministro: — Mas deixe-me dizer-lhe, Sr. Deputado, que eu não só me demarco dessa
greve como julgo que essa greve prejudica gravemente a empresa. E a privatização por que temos vindo a
pugnar, que está desde a primeira versão do Memorando e que é tentada desde que o Partido Socialista é
Governo, não só é legítima como é o melhor caminho para o futuro da empresa.
Aplausos do PSD e do CDS-PP.
O Sr. João Oliveira (PCP): — Se não houvesse privatização, não caía!
A Sr.ª Presidente: — Dou, de novo, a palavra ao Sr. Deputado Jerónimo de Sousa.
O Sr. Jerónimo de Sousa (PCP): — Sr.ª Presidente, Sr. Primeiro-Ministro, foi pena não ter citado o
exemplo da privatização da Iberia e todas as consequências de despedimento, de encerramento, por uma
chamada «falsa reestruturação». Nós defendemos, de facto, a recapitalização numa perspetiva de
desenvolvimento da própria empresa. Aliás, vamos apresentar aqui, na Assembleia da República, uma
iniciativa nesse sentido, porque continuamos a considerar que o País precisa da TAP pública, nacionalizada,
uma empresa de bandeira que sirva os interesses nacionais.
Aplausos do PCP.
Mas, Sr. Primeiro-Ministro, queria colocar-lhe uma questão. Tenho dito, sistematicamente, que este
Governo é um governo de dois pesos e duas medidas. A verdade é que, em relação aos poderosos, há
sempre dinheiro disponível. Ainda recentemente, em termos de isenção, de perdão de impostos e de
emolumentos, deu ao Novo Banco 85 milhões de euros. Explique porquê, Sr. Primeiro-Ministro. Então, aqui já
não há dificuldades? Então, por que é que não há dinheiro para devolver os salários aos trabalhadores, para
devolver o que foi roubado nas reformas e nas pensões? Então, isso não dá dois pesos e duas medidas?
Por isso mesmo, por os senhores não terem a dimensão da política desgraçada que estão a fazer, permita-
me que lhe fale de uma exposição que acabámos de receber no grupo parlamentar, uma exposição assinada
por 56 secretários e secretárias, imagine!, dos membros do Governo — e não vou mostrar-lhe a lista para não
haver nenhuma retaliação.
De qualquer forma, queria dizer-lhe que, quando se chega a este ponto, Sr. Primeiro-Ministro, é não ter a
dimensão do isolamento social e da derrota que vão sofrer, tendo em conta esta política que estão a realizar,
atingindo sempre os mesmos, os do costume: quem trabalha, ou quem trabalhou, mantendo intocável e
reforçando o poder dos poderosos.
É por isso, Sr. Primeiro-Ministro, que consideramos que este Governo, porque tem os dias contados,…
O Sr. Primeiro-Ministro: — Qual é o teor da exposição? O Sr. Deputado não disse!
O Sr. Jerónimo de Sousa (PCP): — O teor da exposição? São trabalhadores e trabalhadoras que foram
profundamente discriminados, porque lhes garantiram que o corte no salário era temporário e, afinal,
continuam com o corte e continuam a ser discriminados em relação a outros setores. Quer esta informação?
Objetivamente, é isso que diz a exposição.