8 DE MAIO DE 2015
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Nacional de Transportes Doentes e Sinistrados a dizer, na Comissão de Saúde, que «temos, neste momento,
pessoas que estão em casa a morrer, por falta de recursos para se deslocarem aos hospitais».
Perante todos estes indícios, S. Ex.ª o Ministro da Saúde Paulo Macedo sempre demonstrou total
indiferença e total desrespeito pela Constituição e pelos portugueses. Foi isso que sempre demonstrou.
Aplausos do PS.
As coisas foram acontecendo e o Governo foi sempre sacudindo e assobiando para o lado.
Aquilo que aconteceu em Portugal entre 2007 e 2012 foi que a despesa da saúde desceu muito em
percentagem do PIB, desceu muito mais do que a média da União Europeia.
Por outro lado, verificou-se que os pagamentos diretos feitos pelas famílias no momento da utilização dos
cuidados subiram mais 4,5% do que na União europeia.
A verdade é que os dados divulgados em 2013 pelo INE demonstram que 34% da despesa total com
cuidados de saúde era paga pelas famílias.
Hoje, por todas estas razões, apresentamos aqui um projeto de lei que pretende alterar o modelo de
cobrança coerciva das taxas moderadoras, uma iniciativa que, em primeira mão, pretende acabar com
injustiças que têm recaído, de forma brutal e totalmente injustificada, sobre as pessoas.
Sempre nos mostrámos contra os aumentos das taxas moderadoras, aumentos que transformaram essas
taxas em financiadoras e não moderadoras.
É verdade que, se é certo que o pagamento das taxas moderadoras é um dever de cidadania, uma
exigência cívica, que pressupõe a indispensabilidade de equacionar medidas que colmatem eventuais
incumprimentos, o modelo não pode passar, como noutros setores, por uma oneração excessiva e
desproporcionada dos cidadãos, numa visão dos serviços públicos como máquinas de arrecadação de
receitas, cegas e insensíveis perante as dificuldades de vida dos portugueses.
A definição de coimas implica não só uma diminuição da garantia dos cidadãos ao exercício dessa
condição como também uma clara violação do desenho constitucional do direito à proteção da saúde.
Isto não defende o Serviço Nacional de Saúde, não respeita a Constituição da República Portuguesa, não
respeita os portugueses.
Aplausos do PS.
O Sr. Presidente (Guilherme Silva): — Para uma intervenção, tem a palavra o Sr. Deputado João Pina
Prata.
O Sr. João Prata (PSD): — Sr. Presidente, Sr.as
e Srs. Deputados: Regressamos ao tema saúde, aqui um
pouco tardio, pela parte do Partido Socialista, falando das taxas moderadoras e do transporte de doentes.
É um debate requentado mas sempre importante, porque, nesta Legislatura, já são mais de meia dúzia as
vezes que estes temas são trazidos à saudável discussão democrática.
É também um debate esquentado, mas sempre importante, pois que o PCP, o BE e também agora o PS,
como vimos, entram nesta produção legislativa num tempo tardio, porquanto a sua resolução já foi efetivada
por este Governo, obedecendoa mensuráveis critérios de justiça social e operacionalizada num tempo
carregado de tremendas e inegáveis dificuldades financeiras, tendo também já sido avaliada a sua aplicação.
Protestos do PS.
Vozes do PSD: — Muito bem!
O Sr. João Prata (PSD): — Ou seja, falando de saúde e não apenas, também de ideologia, o Governo do
PSD/CDS soube interpretar modernamente o termo igualdade e oportunidade de acesso.
A agir como o PCP, o BE e agora o PS pretendem, com estes projetos de lei, é desprezar, é forçar uma
realidade social em que viemos, é querer perpetuar um tempo de agonia lenta e desmobilização dos
profissionais, que o anterior Governo legou na área da saúde.