8 DE MAIO DE 2015
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Olhar o Serviço Nacional de Saúde sob o prisma de uma reportagem de televisão, querer fazer da árvore a
floresta, querer apresentar a parte como representando o todo é injusto e desligado da realidade, Sr.ª
Deputada.
A Sr.ª Elsa Cordeiro (PSD): — Muito bem!
O Sr. Nuno Reis (PSD): — V. Ex.ª poderia ter aqui falado de indicadores de saúde, mas não lhe ouvimos
uma palavra sobre a diminuição da taxa de mortalidade infantil entre 2010 e 2014; não lhe ouvimos uma
palavra sobre a evolução da esperança média de vida; não lhe ouvimos uma palavra, por exemplo, sobre a
evolução de doenças como a tuberculose, pela primeira vez com 20 novos casos por 100 000 habitantes em
Portugal; igualmente nada lhe ouvimos sobre o facto de existirem, neste momento, em Portugal, pela primeira
vez, 1,5 milhões de portugueses vacinados contra a gripe, 1 milhão dos quais gratuitamente, fruto das políticas
deste Governo; nenhuma palavra, igualmente, para a inclusão no Plano Nacional de Vacinação das vacinas
contra a meningite e outras doenças pneumocócicas.
Mas, se não lhe dava jeito falar em indicadores de saúde, porque isso não permitia a V. Ex.ª pintar o
quadro que tentou pintar na tribuna, poderia até ter recorrido a indicadores de atividade assistencial. O
problema, para si e para parte da oposição, é que entre 2010 e 2014 aumentou o total de consultas nos
cuidados de saúde primários e nos cuidados hospitalares, aumentou o total de intervenções cirúrgicas e os
episódios de urgência mantiveram-se em linha.
V. Ex.ª, Sr.ª Deputada Helena Pinto, poderia ter falado do acesso dos portugueses ao medicamento, mas,
mais uma vez, não lhe dava jeito,…
A Sr.ª Helena Pinto (BE): — Isso não!
O Sr. Nuno Reis (PSD): — … porque não se enquadrava com a retórica do privilégio aos grandes grupos
económicos.
Sr.ª Deputada, tome nota: mais medicamentos consumidos, o preço médio mais barato de sempre,
precisamente à custa das margens da indústria e da distribuição.
Prometer e criticar é fácil, difícil é tomar as decisões corajosas na altura em que têm de ser tomadas, para
defender a sustentabilidade do Serviço Nacional de Saúde.
O Índice Europeu de Saúde dos Consumidores de 2014 coloca Portugal como o País com o 13.º melhor
acesso à saúde, à frente de países como a Inglaterra, a Espanha e a Itália.
Por isso, Sr.ª Deputada, não tendo V. Ex.ª vindo aqui falar particularmente sobre políticas de saúde,
confesso que tenho dificuldade em colocar-lhe alguma questão sobre esta matéria. Prefiro, por isso, confrontá-
la com os seus modelos e as suas opções. E, como também falou na tribuna em investimento em saúde,
considera V. Ex.ª ser admissível que um país à beira da bancarrota, como a Grécia, acabe de fazer um
investimento de 500 milhões de euros em equipamento militar, destinando apenas 200 milhões para fazer face
à crise humanitária?
Aplausos do PSD e do CDS-PP.
A Sr.ª Presidente: — Tem, agora, a palavra a Sr.ª Deputada Carla Rodrigues.
A Sr.ª Carla Rodrigues (PSD): — Sr.ª Presidente, Sr.as
e Srs. Deputados, Sr. Ministro da Saúde e
restantes membros do Governo, como o Sr. Ministro já viu, pela intervenção inicial do Bloco de Esquerda,
prepare-se para a surpresa deste debate, porque, efetivamente, pensávamos que vínhamos discutir políticas
de saúde e o Serviço Nacional de Saúde, mas estamos aqui a discutir a «espuma dos dias», as questões que
não são determinantes no Serviço Nacional de Saúde. E sabe porquê, Sr. Ministro? Porque as oposições
estão zangadas! As oposições estão zangadas com o Sr. Ministro, em particular estão zangadas com o
Serviço Nacional de Saúde, estão zangadas com a vida em geral. E estão zangadas porque, efetivamente,
quando este Governo tomou posse, estavam reunidas todas as condições para tudo correr mal.