8 DE MAIO DE 2015
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aqui, neste Hemiciclo, mas é notícia lá fora. Mas não é para o Hemiciclo que o Governo está a governar, o
Governo está a governar, efetivamente, para os portugueses e para as famílias. E hoje é um dia de grande
satisfação das famílias portuguesas!
Aplausos do PSD e do CDS-PP.
A Sr.ª Presidente: — Peço novamente aos Srs. Deputados o favor de respeitarem os tempos.
Tem, agora, a palavra a Sr.ª Deputada Luísa Salgueiro.
A Sr.ª Luísa Salgueiro (PS): — Sr.ª Presidente, Sr. Ministro da Saúde, gostaríamos, naturalmente, de
começar por saudar a bancada do Bloco de Esquerda por ter agendado um debate de atualidade sobre a
temática da saúde. E também gostávamos de aproveitar a presença do Sr. Ministro e da sua equipa para lhe
fazermos algumas perguntas sobre o setor da saúde em Portugal, embora bem saibamos que o Sr. Ministro
não responde às nossas perguntas. O Sr. Ministro usa a velha técnica de recorrer aos apontamentos que lhe
preparam, sem responder às perguntas que lhe dirigem, tal como fez na tribuna, tal como faz em comissão e
fará aqui, pois, com certeza, continuará a recorrer aos números que traz previamente preparados pelo seu
gabinete, sem responder ao que os Deputados lhe perguntam.
Mas eu sou resiliente, vou insistir e vou formular-lhe perguntas, bem sabendo que, tal como aconteceu
numa reportagem televisiva, existem na saúde, em Portugal, dois mundos: o mundo da câmara oficial e o da
câmara disfarçada.
O mundo que o Sr. Ministro aqui tenta trazer reiterada e sucessivamente é um mundo em que está tudo
bem no setor da saúde e no Serviço Nacional de Saúde, em que os indicadores são muito favoráveis e o Sr.
Ministro conseguiu, como costuma dizer, resgatar o Serviço Nacional de Saúde. Pois, Sr. Ministro, o que
acontece é que a realidade o desmente todos os dias e a verdade é que as imagens que nos são transmitidas
pela câmara oculta revelam bem aquilo que se passa no nosso SNS, verdadeiramente sem maquilhagem.
O Sr. Ministro diz que o Serviço Nacional de Saúde está bem, mas sabemos que esse é um discurso usado
reiteradamente pelo Governo, que diz que o País está bem, os portugueses é que estão pior.
Também aqui, na saúde, os portugueses estão pior.
O Sr. Ministro também tem usado, reiteradamente, a narrativa da sustentabilidade orçamental, e todos
sabemos que injetou 3000 milhões de euros nos hospitais. Gostava de utilizar aqui um exemplo, que é o do
Centro Hospitalar Lisboa Norte — aliás, dirigido por uma pessoa da confiança do Sr. Ministro, que já foi
membro de um Governo do PSD —, e que, desses 3000 milhões recebeu 300 milhões de euros para reforçar
as suas condições financeiras.
Ora, Sr. Ministro, dos dados divulgados em março, podemos verificar que o Centro Hospitalar Lisboa Norte
está a pagar a 501 dias aos seus fornecedores. Como é que o Sr. Ministro justifica que, apesar de todos os
cortes que aplicou nos hospitais, de todas as contenções que resultaram no desmantelamento das equipas, na
desmotivação dos profissionais, que o Sr. Ministro não desconhece, apesar de todos estes cortes e apesar do
investimento que fez, continue a haver situações, de que o Centro Hospitalar Lisboa Norte é um exemplo
paradigmático, em que isso não resulta?
Por outro lado, gostávamos de lhe deixar aqui um desafio. O Sr. Ministro está, ou não, disponível para,
connosco, naturalmente com Deputados de todas as bancadas parlamentares, visitar uma urgência hospitalar,
sem pré-aviso, com uma câmara oficial ou disfarçada, e dar conhecimento ao País da situação que,
verdadeiramente, ali se vive?
Recordo-lhe uma visita que o Sr. Ministro fez, no mês de abril, salvo erro — não posso precisar o dia —,
em que visitou o Centro Hospitalar Vila Nova de Gaia. Sabe muito bem que naquele dia em que o Sr. Ministro
lá esteve todas as cirurgias foram desmarcadas, porque não havia camas para deitar os doentes. É ou não
verdade que isso aconteceu e que o Sr. Ministro tem conhecimento disso?
A esse propósito, também não posso deixar de lhe colocar uma outra questão: sentiu-se, ou não, digamos,
incomodado, para usar um eufemismo, quando ouviu o seu Secretário de Estado dizer…
Sr. Secretário de Estado, gostava de lhe dizer uma coisa, se o Sr. Ministro me permite: o seu
comportamento neste debate é verdadeiramente insultuoso. Não é para mim nem para o PS, é para os
doentes.